São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELIANE CANTANHÊDE

Quantos porquinhos?

BRASÍLIA - Sílvio Santos não é político, nunca teve de fato um partido, nunca geriu recursos públicos, não entende nada de Congresso.
O Brasil também não é a Itália. E, olhe, o Berlusconi já dá um trabalho danado por lá.
E, enfim, disparar nas pesquisas não significa nem ganhar a eleição, nem, muito menos, governar em paz um país complexo como este Brasil.
Daí por que é mais do que estranho setores do PFL ficarem batendo na tecla de Silvio Santos para presidente, coisa em que nem eles acreditam.
Pergunte-se a Bornhausen, a Marco Maciel e a Guilherme Palmeira -que articularam a dissidência governista e fundaram o partido para fugir ao arrastão Paulo Maluf de 84/ 85- o que SS tem a ver com o partido deles. Eles não terão resposta.
Quem melhor resumiu a intenção pefelista foi o deputado José Genoino, candidato do PT ao governo de São Paulo, para quem isso é só chantagem do PFL para tirar Serra. E se SS se anima? E se pega? Primeiro, criaram Roseana Sarney e deu no que deu. Agora, querem criar Silvio Santos para o que der e vier.
A pesquisa CNT/Sensus de ontem mostra Lula consolidadíssimo e apresenta SS em segundo lugar, com 17,8%, enquanto Serra e Garotinho oscilam para baixo e Ciro mantém uma média baixa.
Silvio Santos não deve concorrer nem pode ganhar, mas embaralha a sucessão. Favorece Lula, dilui os votos que já foram de Roseana, enfraquece os candidatos já colocados. Conclusão: o eleitorado continua volátil, e o PFL continua tumultuando o processo. O que lucra com isso?
A esta altura, melhor faria se optasse por sua bancada ou optasse por Lula, Serra, Garotinho ou Ciro, candidatos para valer em vez de se jogar em mais uma aventura. E perigosa.
Os senadores Edison Lobão, Hugo Napoleão e Marcondes Gadelha conquistaram o apelido de "três porquinhos" depois da lambança de lançarem Silvio Santos para a eleição presidencial de 1989.
E, agora, quantos porquinhos serão?


Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: A lenda Serra
Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: A viagem
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.