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ELIANE CANTANHÊDE
Quantos porquinhos?
BRASÍLIA - Sílvio Santos não é político, nunca teve de fato um partido,
nunca geriu recursos públicos, não
entende nada de Congresso.
O Brasil também não é a Itália. E,
olhe, o Berlusconi já dá um trabalho
danado por lá.
E, enfim, disparar nas pesquisas
não significa nem ganhar a eleição,
nem, muito menos, governar em paz
um país complexo como este Brasil.
Daí por que é mais do que estranho
setores do PFL ficarem batendo na
tecla de Silvio Santos para presidente,
coisa em que nem eles acreditam.
Pergunte-se a Bornhausen, a Marco Maciel e a Guilherme Palmeira
-que articularam a dissidência governista e fundaram o partido para
fugir ao arrastão Paulo Maluf de 84/
85- o que SS tem a ver com o partido deles. Eles não terão resposta.
Quem melhor resumiu a intenção
pefelista foi o deputado José Genoino,
candidato do PT ao governo de São
Paulo, para quem isso é só chantagem do PFL para tirar Serra. E se SS
se anima? E se pega? Primeiro, criaram Roseana Sarney e deu no que
deu. Agora, querem criar Silvio Santos para o que der e vier.
A pesquisa CNT/Sensus de ontem
mostra Lula consolidadíssimo e apresenta SS em segundo lugar, com
17,8%, enquanto Serra e Garotinho
oscilam para baixo e Ciro mantém
uma média baixa.
Silvio Santos não deve concorrer
nem pode ganhar, mas embaralha a
sucessão. Favorece Lula, dilui os votos que já foram de Roseana, enfraquece os candidatos já colocados.
Conclusão: o eleitorado continua volátil, e o PFL continua tumultuando
o processo. O que lucra com isso?
A esta altura, melhor faria se optasse por sua bancada ou optasse por
Lula, Serra, Garotinho ou Ciro, candidatos para valer em vez de se jogar
em mais uma aventura. E perigosa.
Os senadores Edison Lobão, Hugo
Napoleão e Marcondes Gadelha conquistaram o apelido de "três porquinhos" depois da lambança de lançarem Silvio Santos para a eleição presidencial de 1989.
E, agora, quantos porquinhos serão?
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