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CLÓVIS ROSSI
Cadê os empregos?
SÃO PAULO - Todo mundo, em época eleitoral e até fora dela, fala de emprego/desemprego. Pena que a grande maioria só fale, posto que os principais partidos não têm estudos consistentes que examinem a questão
sem simplismos ou slogans.
Imaginar, por exemplo, que crescimento apenas resolve todos os problemas é uma grande tolice. Convido
o leitor a examinar dados de um setor de ponta, o eletroeletrônico, no
qual os empregos são de qualidade
acima da média e, portanto, os mais
cobiçados.
O recém-lançado anuário da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) cobre o período 1998/2005. Em todos os itens,
menos um, há números muito positivos. O faturamento, por exemplo,
passou de R$ 37,4 bilhões em 1998 para R$ 92,8 bilhões em 2005, quase três
vezes portanto.
Aí, entra-se no único item que caiu,
justamente o emprego. Eram 142,8
mil empregados em 1998, passaram a
apenas 133,1 mil em 2005. Ou, visto
de outra forma, o faturamento cresce
uns 150%, mas o número de empregados que gera tal faturamento cai
pouco menos de 7%.
Triste, mas é da regra do jogo. O capitalismo de fato demonstrou ser superior ao comunismo, mas a vitória
não o transforma em entidade de benemerência. Nele, ganha mais o capitalista que o trabalhador.
Muito bem. Passemos adiante. O
número de abril da "Revista da Indústria", editada pela Confederação
Nacional da Indústria, informa que,
para o período presidencial a iniciar-se em 2007, será necessário criar 15
milhões de empregos.
No período que se encerra agora em
dezembro, terão sido criados cerca de
4 milhões, quando seriam necessários, segundo o próprio candidato
Lula, 10 milhões (no governo anterior, criou-se menos ainda).
Alguém aí ouviu alguma análise
sobre a complexidade do problema
emprego/desemprego/inclusão de
parte dos partidos ou candidatos?
Pobre Brasil.
@ - crossi@uol.com.br
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