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CARLOS HEITOR CONY
Ação e reação
RIO DE JANEIRO - Dentro da lei de que a cada ação corresponde uma
reação, lembrei há pouco as minas
magnéticas que eram atraídas pelos
cascos dos navios. Acontece que os
cascos dos navios passaram a receber
uma camada antimagnética, neutralizando a tecnologia inimiga.
O mesmo ocorreu com os aviões invisíveis, que deixam de enviar reflexos para os radares que vigiam o espaço aéreo de determinado país. Tecnologia é tecnologia.
Pulando da guerra para as eleições
de outubro, continua valendo a norma de que para cada ação corresponde uma reação.
Os escândalos do mensalão e do valerioduto escancararam a corrupção
instalada nas campanhas eleitorais.
Deram a impressão inicial de que
não se repetiriam no futuro. Nenhum
partido e nenhum candidato serão
bestas o suficiente para aceitar doações vultosas de empresas e instituições gigantescas. Mas que diabo, sem
dinheiro não há campanha. Ele terá
de vir de alguma forma.
A solução encontrada parece ser a
dos recursos pulverizados, provenientes de quitandas, açougues, borracheiros e, quem sabe, camelôs. Não
estou me referindo especificamente
às doações que o PMDB teria recebido recentemente. Até agora me parecem acusações de partidos e organizações que desejam torpedear um determinado pré-candidato.
De qualquer forma, o mapa da mina para as doações de todos os partidos e candidatos será próximo a esse
mesmo. E tem mais: será aperfeiçoado pela criatividade inesgotável dos
marqueteiros e tesoureiros, que evitarão o caixa dois, mas dispõem, como
na aritmética, da possibilidade do
caixa 3, 4, até o infinito. Por essa e
por outras, conforme expliquei em
crônica recente, considero a democracia representativa uma solução
furada para expressar a máxima
constitucional segundo a qual todo
poder emana do povo.
A mesma criatividade que possibilitou as fraudes deveria ser utilizada
para melhorar o conceito e a prática
da verdadeira democracia.
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