|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
Judiciário e relações impróprias
BRASÍLIA - A Folha de ontem
trouxe uma informação alarmante
sobre o Superior Tribunal de Justiça: "Hoje, 12 dos 33 ministros do
STJ têm ao menos um parente que
é advogado e que atua ou já atuou
em causas no próprio tribunal.
Normalmente é o filho".
A reportagem de Silvana de Freitas e de Ranier Bragon informa
também sobre uma prática usada
para disfarçar o comportamento
impróprio no STJ. É "quando o advogado-parente não assina petições nem atua formalmente na
causa, mas faz lobby". Ou seja, o nome do parente não aparece, mas há
a pressão nos bastidores para tentar obter determinada decisão judicial. É um jogo de aparências.
É possível, com segurança, que a
maioria dos juízes não seja adepta
desse tipo de subterfúgio. Mas também é certo que a maioria dos integrantes do Poder Judiciário tem fechado covardemente os olhos
quando isso ocorre.
Um dos magistrados citados na
Operação Hurricane -a máfia de
advogados, empresários da jogatina
e alguns juízes- teve um irmão advogando a favor dos réus. Ontem, a
revista "Isto É" trouxe reportagem
com gravações mostrando mais
tráfico de influência no STJ, com o
possível envolvimento do genro de
um ministro -fatos ainda pendentes de investigação, mas os diálogos
são estarrecedores.
No ano passado, mais de 40 juízes aceitaram embarcar em um
avião fretado pela Febraban (o sindicato dos bancos) para passar um
feriadão num resort de luxo numa
praia da Bahia. Tudo pago, inclusive para os familiares. Nenhuma
providência foi tomada -mesmo
sendo notório que 30% das ações
no STJ têm alguma conexão com o
setor bancário.
Essas relações impróprias de
parte dos juízes prejudica integralmente o Poder Judiciário. Ou a parcela decente -talvez a maioria- se
rebela ou mais adiante todos estarão dentro do mesmo barco.
frodriguesbsb@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Jardim eleitoral Próximo Texto: Rio de Janeiro - Ruy Castro: Fim do verão Índice
|