|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RUY CASTRO
Fim do verão
RIO DE JANEIRO - Finalmente,
choveu. Sem ver uma gota em fevereiro, março e abril, o carioca começava a achar que o verão de 2007
entraria por 2008. Os primeiros
meses do outono, pelo menos, já foram sacrificados -tanto que não tivemos as águas de março. Mas não
ouvi ninguém se queixando da inclemência do estio ou culpando o
aquecimento global.
Foram 90 dias de sol acachapante, praias cheias, turistas aos magotes, festas a granel -de saraus no
edifício Chopin a churrasquinhos
igualmente chiques nas esquinas-
e samba em toda parte. Os shows ao
ar livre abundaram nas areias, no
parque do Flamengo, nos quiosques da Lagoa, nas ruas do centro e
nos clubes da zona norte. A Lapa
não dormiu.
E o Carnaval, com seus 500 blocos, foi o de maior participação popular dos últimos 40 anos. Tudo isso já aconteceu no Rio neste ano,
além das balas perdidas, que, como
é natural, tiveram mais imprensa.
Mas, mesmo no Rio, o sol precisa
ceder lugar à chuva de vez em quando. Nem que seja para amainar a
temperatura, regar a grama e as árvores e reabilitar capuzes e pulôveres. Foi o que aconteceu na sexta-feira última. Como previsto pela
meteorologia, a água desceu firme o
dia inteiro. Foi escoltada por forte
vento, que virou guarda-chuvas ao
contrário, derrubou árvores e desbastou as amendoeiras, cujos frutos, caídos e pisados, tingiram as
calçadas de vermelho. O mar se encrespou do Leme ao Pontal, produziu boas ondas, e os surfistas correram a tirar as pranchas do armário.
Havia uma vibração diferente entre
as pessoas, e apenas porque estava
chovendo.
Sim, eu sei, tudo isso parece meio
ridículo. Afinal, por que tanto fuzuê
por causa de uma reles chuva?
De fato, por quê? Tanto que, no
sábado, o sol já piscou e, ontem de
manhã, renasceu lindamente. Muito melhor assim.
Texto Anterior: Brasília - Fernando Rodrigues: Judiciário e relações impróprias Próximo Texto: Alba Zaluar: Armas, adeus Índice
|