São Paulo, quinta-feira, 30 de abril de 2009

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CARLOS HEITOR CONY

Dona Dilma

RIO DE JANEIRO - Inevitável um comentário sobre a principal notícia da semana, que deu louvável transparência à doença da ministra Dilma Rousseff. Os entendidos em política já se manifestaram e continuarão cometendo prognósticos que envolvem a próxima sucessão presidencial. Não é a minha praia.
Mas gostaria de dar um depoimento pessoal sobre o caso, uma vez que passei e continuo passando por transe igual. Em 2004, num exame de rotina, descobriram no meu maltratado corpo -pasto de espantos- um linfoma não-Hodgkin semelhante ao que foi detectado na axila ministerial.
Fiz o que deveria fazer: tratei-me e continuo me tratando, beneficiando-me dos avanços que a medicina agora oferece. Os recursos de hoje são fabulosos, desde que o diagnóstico seja feito precocemente. A quimioterapia não é mais devastadora. Na realidade, e apesar de mais idoso do que a ministra, continuei trabalhando normalmente, dando conta de oito crônicas semanais, participações diárias na CBN e na Bandnews, encargos na ABL e eventos para os quais era convidado. Sinto um certo cansaço, mas isso não é novidade para quem já nasceu cansado.
Só mais tarde, e não por conselho médico, mas por decisão pessoal, diminuí pela metade minha carga de trabalho. No mesmo caso, encontrei dezenas de pessoas nas clínicas de oncologia submetendo-se ao mesmo tratamento, levando a vida normalmente e, aos poucos, obtendo a cura radical da doença.
Descoberto a tempo e tratado adequadamente, o câncer não é mais uma doença fatal. Claro que a cabeça, como em tudo o mais, tem papel importante na cura. No meu entender, dona Dilma não deve pendurar as chuteiras. Deve ir em frente, com tudo a que tem direito, inclusive o de continuar candidata.


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