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CARLOS HEITOR CONY
Dona Dilma
RIO DE JANEIRO - Inevitável um
comentário sobre a principal notícia da semana, que deu louvável
transparência à doença da ministra
Dilma Rousseff. Os entendidos em
política já se manifestaram e continuarão cometendo prognósticos
que envolvem a próxima sucessão
presidencial. Não é a minha praia.
Mas gostaria de dar um depoimento pessoal sobre o caso, uma
vez que passei e continuo passando
por transe igual. Em 2004, num
exame de rotina, descobriram no
meu maltratado corpo -pasto de
espantos- um linfoma não-Hodgkin semelhante ao que foi detectado na axila ministerial.
Fiz o que deveria fazer: tratei-me
e continuo me tratando, beneficiando-me dos avanços que a medicina agora oferece. Os recursos de
hoje são fabulosos, desde que o
diagnóstico seja feito precocemente. A quimioterapia não é mais devastadora. Na realidade, e apesar de
mais idoso do que a ministra, continuei trabalhando normalmente,
dando conta de oito crônicas semanais, participações diárias na CBN e
na Bandnews, encargos na ABL e
eventos para os quais era convidado. Sinto um certo cansaço, mas isso não é novidade para quem já nasceu cansado.
Só mais tarde, e não por conselho
médico, mas por decisão pessoal,
diminuí pela metade minha carga
de trabalho. No mesmo caso, encontrei dezenas de pessoas nas clínicas de oncologia submetendo-se
ao mesmo tratamento, levando a vida normalmente e, aos poucos, obtendo a cura radical da doença.
Descoberto a tempo e tratado
adequadamente, o câncer não é
mais uma doença fatal. Claro que a
cabeça, como em tudo o mais, tem
papel importante na cura. No meu
entender, dona Dilma não deve
pendurar as chuteiras. Deve ir em
frente, com tudo a que tem direito,
inclusive o de continuar candidata.
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