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NELSON MOTTA
Nomes de guerra
RIO DE JANEIRO - Assim na vida
como no futebol, nome é destino. A
começar por ele, o rei, mais do que
um craque, um gênio da bola, um
ícone, um grito da multidão, Pelé!
Em qualquer língua, com ponto de
exclamação, jamais seria o rei jogando como Edson e muito menos
como Nascimento. Garrincha não
seria quem foi se fosse chamado de
Manuel. Nem Tostão, se fosse
Eduardo.
É difícil imaginar Zico ou Didi famosos como Coimbra ou Pereira,
que é como americanos e europeus
chamam seus atletas, pelo nome de
família. Tanto que entre nós não há
craques chamados Teixeira, Cardoso, Moreira ou Motta.
Os brasileiros são conhecidos pelo nome próprio, o que já sugere intimidade, ou melhor, pelo apelido.
Exceções: o grande Falcão não seria
tão grande como Paulo Roberto, seria? O virtuose Júnior poderia
triunfar como Leovegildo? E Romário, o que faria como Faria?
É chato dizer, mas existe melhor
nome de craque do que Diego Maradona? Os argentinos gostam de
chamar por nome e sobrenome, pura frescura, mas impressiona. Olha
o Maxi Rodriguez, o Hernan Crespo, o Lionel Messi, o Gabriel Batistutta, craques nominais.
Gente chamada Sandro Mazzola,
Gianni Rivera ou Alessandro Del
Piero está marcada para os gols e a
glória, os craques italianos se beneficiam da beleza da língua. Um banal José Silva, no Brasil, corresponde, na Itália, a um sonoro e inesquecível Paolo Rossi. Os franceses também tem os seus, como Platini, Tresor, Trezeguet, Makelelê, mas o melhor é Zinedine Zidane, ZZ, que eles
chamam de Zizou e, no Brasil, certamente seria o popular Zezé.
Já os alemães usam a dureza da
língua para nomear os seus, como o
imponente Franz Beckenbauer e
agora os temíveis Klose, cada vez
mais perto do gol, e Ballack, mandando bala na bola e no nome.
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