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CRISE HISTÓRICA
Vão crescendo as insatisfações com a área econômica do
governo, inicialmente localizadas e
amenizadas pela evidência de que
havia uma grave crise a ser contida
no início da nova gestão. Anteontem, representantes tanto do setor
produtivo quanto da área financeira,
além de um ministro de Estado, manifestaram desalento e apreensão
com o ambiente recessivo que vem
sendo criado pelas fortes restrições
da política monetária.
Em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico, criado pela
Presidência como órgão consultivo
do governo, os comentários foram
graves. O país estaria vivendo uma
crise sem precedentes desde a década de 60, no parecer de um empresário que deu decidido apoio à candidatura do PT.
Paralelamente, em seminário promovido pelo jornal "Valor", o presidente da Federação Brasileira dos
Bancos (Febraban) clamou pela redução do compulsório, assinalando
que a manutenção de nível tão elevados sobre os depósitos à vista (68%)
"compromete a economia por um
período maior". O ministro do Planejamento, Guido Mantega, fez eco
à Febraban ao afirmar que há condições para reduzir a alíquota desses
depósitos, favorecendo um alívio nas
condições do crédito.
Coube ao presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles, rebater
as críticas ao conservadorismo de
sua administração. Segundo ele, o
governo cria condições para o crescimento sustentável visando "a próxima década". Meirelles afirmou, ainda, que a atual política monetária será julgada "não pela justa ansiedade
da semana, mas pela história".
Quando ocorrer tal julgamento,
haverá que registrar ter sido este um
dos períodos mais difíceis da economia brasileira. Por mais que se entendam as preocupações da nova
equipe, permanece a duvidosa impressão de que apenas ela caminha a
passos certos, enquanto os agentes
econômicos manifestam erroneamente suas aflições no deserto.
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