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São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 2003

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CRISE HISTÓRICA

Vão crescendo as insatisfações com a área econômica do governo, inicialmente localizadas e amenizadas pela evidência de que havia uma grave crise a ser contida no início da nova gestão. Anteontem, representantes tanto do setor produtivo quanto da área financeira, além de um ministro de Estado, manifestaram desalento e apreensão com o ambiente recessivo que vem sendo criado pelas fortes restrições da política monetária.
Em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico, criado pela Presidência como órgão consultivo do governo, os comentários foram graves. O país estaria vivendo uma crise sem precedentes desde a década de 60, no parecer de um empresário que deu decidido apoio à candidatura do PT.
Paralelamente, em seminário promovido pelo jornal "Valor", o presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) clamou pela redução do compulsório, assinalando que a manutenção de nível tão elevados sobre os depósitos à vista (68%) "compromete a economia por um período maior". O ministro do Planejamento, Guido Mantega, fez eco à Febraban ao afirmar que há condições para reduzir a alíquota desses depósitos, favorecendo um alívio nas condições do crédito.
Coube ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, rebater as críticas ao conservadorismo de sua administração. Segundo ele, o governo cria condições para o crescimento sustentável visando "a próxima década". Meirelles afirmou, ainda, que a atual política monetária será julgada "não pela justa ansiedade da semana, mas pela história".
Quando ocorrer tal julgamento, haverá que registrar ter sido este um dos períodos mais difíceis da economia brasileira. Por mais que se entendam as preocupações da nova equipe, permanece a duvidosa impressão de que apenas ela caminha a passos certos, enquanto os agentes econômicos manifestam erroneamente suas aflições no deserto.


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