|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VETO NECESSÁRIO
Vai crescendo o consenso de
que a prefeita de São Paulo,
Marta Suplicy (PT), deve vetar as mudanças de zoneamento que foram introduzidas na última hora no projeto
do Plano Diretor da cidade, aprovado
na sexta-feira passada. Uma carta
que pede ao Executivo paulistano
que suprima as alterações foi proposta pela bancada do PSDB na Câmara Municipal e recebeu a adesão
de seis dos 16 vereadores petistas.
O veto parece de fato oportuno. Antes de mais nada, as mudanças de zoneamento não foram discutidas. As
emendas que transformam sete regiões de São Paulo de zonas estritamente residenciais em zonas mistas
-onde é possível instalar comércios
e construir prédios de vários andares- surgiram na calada da noite.
As pessoas que vivem nas áreas em
questão não tiveram nem mesmo a
oportunidade de manifestar-se.
Além disso, é um equívoco conceitual fazer com que um Plano Diretor
altere normas de zoneamento. Os especialistas são unânimes em afirmar
que a definição do que é permitido
em qual área deve ser objeto de legislação específica, normalmente consolidada numa Lei de Zoneamento.
Ao Plano Diretor, por outro lado,
cabe enunciar as diretrizes que vão
orientar o desenvolvimento da cidade pelos próximos dez anos. Aprová-lo não é decididamente uma tarefa
simples. Cada diretiva afirmada inevitavelmente contrariará os interesses de algum grupo. Para que se vote
e aprove o Plano -que é mais do que
necessário- é preciso fazer concessões. Tudo, porém, tem um limite.
Não dá para aceitar que mudanças
importantes para a cidade e que implicam valores significativos em interesses comerciais sejam decididas a
toque de caixa e sem discussão.
Tudo -inclusive parte da bancada
petista- recomenda que a prefeita
vete as alterações de zoneamento que
foram introduzidas no Plano Diretor
e que o tema volte à Câmara na forma
de um projeto de Lei de Zoneamento,
que deve ser amplamente debatido
com todos os interessados.
Texto Anterior: Editoriais: INÉRCIA PERVERSA Próximo Texto: Editoriais: O METRO DA CORRUPÇÃO Índice
|