Fenômeno naturalmente escorregadio, a corrupção não pode ser medida de maneira "científica", como se apura, por exemplo, a temperatura de um corpo. A ONG Transparência Internacional, no entanto, encontrou um meio interessante de despertar a atenção da opinião pública para esse grave problema. Produz regularmente um ranking da percepção que agentes econômicos estrangeiros têm da corrupção em mais de uma centena de países. O resultado deste ano não foi bom para a América Latina, em geral, e para o Brasil em particular.
O destaque da região continua sendo o Chile, que ocupa a 17ª colocação entre os países considerados menos corruptos. Os chilenos vencem, por exemplo, nações desenvolvidas como a Alemanha, a Bélgica e o Japão. Na outra ponta está a Argentina, que despencou do 57º posto para o 70º, fenômeno certamente relacionado à "débâcle" econômica, política e social por que passa o país.
Já a percepção da corrupção no Brasil não está maior nem menor do que a aferida pela Transparência na pesquisa anterior. Como o país ocupa a 45ª colocação na lista da ONG, o fato de ter permanecido como está não pode ser comemorado.
Combater a corrupção é uma tarefa difícil e complexa. Sem alguma pressão da sociedade, as autoridades tendem a relegar a um segundo plano o aperfeiçoamento das leis contra a corrupção, bem como dos mecanismos institucionais para que essas normas sejam cumpridas.
Assim, a ampliação dos controles sociais e da pressão da sociedade civil sobre o Estado é fundamental para que se universalize, por exemplo, a obrigação de os agentes públicos prestarem contas de seus atos e para que a Justiça comece a dar respostas mais firmes à impunidade associada aos crimes do "colarinho branco". Dessa luta mais geral, pela melhoria e pela disseminação dos controles democráticos sobre o Estado, participam organizações como a Transparência Internacional.


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