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MARCELO BERABA
Pantransparência
RIO DE JANEIRO - Os jogos Pan-Americanos de 2007 serão realizados
no Rio, e esta é a melhor chance que a
cidade já teve para se reencontrar e
tentar enfrentar algumas de suas
muitas contradições.
Os jogos significam, desde já, investimentos e obras. Significam, portanto, circulação de dinheiro e empregos.
Não é difícil imaginar o impacto na
vida da cidade e dos cariocas. Não fará milagres, mas pode ajudar a romper o círculo de miséria, desigualdades, desleixos, incompetências e violência que nos estrangula.
Mais do que a repercussão que deverá ter na formação de uma geração
de atletas, a escolha vem associada,
segundo as autoridades do Comitê
Olímpico Brasileiro, a projetos urbanísticos e sociais que pretendem mudar a imagem violentada da cidade.
Isso tudo é muito bom, e devemos
estar otimistas. Mas esta é a hora,
também, de exigir mecanismos de
controle e de fiscalização dos recursos
públicos que serão investidos. Temos
no Brasil uma tradição de falta de
transparência nos gastos públicos
que tem de ser interrompida.
O COB prevê, por enquanto, um orçamento para os jogos de cerca de
US$ 178 milhões. A maior parte destes recursos virá do tesouro público:
US$ 75 milhões da Prefeitura do Rio,
US$ 43,5 milhões da União e US$ 9,8
milhões do Estado do Rio.
Passado o primeiro momento de
euforia, é necessário agora que sejam
criados mecanismos para a fiscalização independente dos gastos. A prefeitura criou anteontem um conselho
fiscal e um conselho consultivo para
acompanhar a organização dos jogos. Não sei se serão suficientes.
As prestações de conta têm de estar
sempre disponíveis e atualizadas e
devem ser fáceis de serem acessadas e
compreendidas pelo cidadão comum,
que estará financiando a festa. Só assim haverá condições de evitar os escândalos tão frequentes entre nós
quando estão em jogo recursos desse
tamanho e interesses políticos.
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