São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MARCELO BERABA

Pantransparência

RIO DE JANEIRO - Os jogos Pan-Americanos de 2007 serão realizados no Rio, e esta é a melhor chance que a cidade já teve para se reencontrar e tentar enfrentar algumas de suas muitas contradições.
Os jogos significam, desde já, investimentos e obras. Significam, portanto, circulação de dinheiro e empregos. Não é difícil imaginar o impacto na vida da cidade e dos cariocas. Não fará milagres, mas pode ajudar a romper o círculo de miséria, desigualdades, desleixos, incompetências e violência que nos estrangula.
Mais do que a repercussão que deverá ter na formação de uma geração de atletas, a escolha vem associada, segundo as autoridades do Comitê Olímpico Brasileiro, a projetos urbanísticos e sociais que pretendem mudar a imagem violentada da cidade.
Isso tudo é muito bom, e devemos estar otimistas. Mas esta é a hora, também, de exigir mecanismos de controle e de fiscalização dos recursos públicos que serão investidos. Temos no Brasil uma tradição de falta de transparência nos gastos públicos que tem de ser interrompida.
O COB prevê, por enquanto, um orçamento para os jogos de cerca de US$ 178 milhões. A maior parte destes recursos virá do tesouro público: US$ 75 milhões da Prefeitura do Rio, US$ 43,5 milhões da União e US$ 9,8 milhões do Estado do Rio.
Passado o primeiro momento de euforia, é necessário agora que sejam criados mecanismos para a fiscalização independente dos gastos. A prefeitura criou anteontem um conselho fiscal e um conselho consultivo para acompanhar a organização dos jogos. Não sei se serão suficientes.
As prestações de conta têm de estar sempre disponíveis e atualizadas e devem ser fáceis de serem acessadas e compreendidas pelo cidadão comum, que estará financiando a festa. Só assim haverá condições de evitar os escândalos tão frequentes entre nós quando estão em jogo recursos desse tamanho e interesses políticos.


Texto Anterior: Johannesburgo - Eliane Cantanhêde: Quem destrói, quem constrói
Próximo Texto: José Sarney: Crescer ou morrer
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.