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Editoriais
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Propaganda para crianças
É UM bom sinal que 24 empresas do setor alimentício tenham decidido banir a propaganda voltada para crianças de
até 12 anos em programas de TV
com audiência formada majoritariamente por esse público. A restrição se estende a seções de jornais e revistas, sites e programação de rádio com características
semelhantes.
A proposta reconhece que
crianças, mais vulneráveis, devem ser protegidas de alguns tipos de publicidade. Pena que a
elogiável decisão corra o risco de
se revelar inócua, pois nenhuma
atração da TV aberta ou dos canais por assinatura possui mais
30% de público dentro da referida faixa etária. Apenas a TV Cultura leva ao ar programas que se
enquadram nos termos propostos, mas a própria emissora não
aceita publicidade nesses casos.
É sintomático que a medida tenha sido anunciada no momento
em que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária coloca em consulta pública uma série de normas para cercear a propaganda de
alimentos dirigida as crianças.
O órgão quer proibir anúncios
de itens com baixo valor nutricional e vetar o recurso a brindes,
desenhos e personagens admirados pelo público infantil na divulgação desses produtos.
A autorregulamentação é a melhor resposta ao problema. Antecipando-se às demandas da sociedade, a indústria tem mais chances de evitar a indesejável intervenção do Estado por meio de leis
draconianas. Iniciativas como a
da Anvisa representam uma
ameaça de tutela indevida sobre a
liberdade dos indivíduos e o discernimento dos pais acerca do
que é melhor para os filhos.
Seria louvável se os próprios fabricantes pensassem em desativar linhas de produtos reconhecidamente prejudiciais à saúde infantil e se entendessem a restrição à publicidade para crianças
como algo efetivo, e não apenas
um lance de marketing politicamente correto.
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