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ELIANE CANTANHÊDE
Não colou
BARILOCHE - Desta vez, inverteu-se a coisa. Lula, que sempre é o
simpaticão e lidera a turma do deixa-disso nas reuniões internacionais, estava com cara de poucos
amigos e fez um discurso reclamão
na segunda reunião da Unasul
(União das Nações Sul-Americanas) neste mês, aqui em Bariloche.
Ele não gostou da transparência,
ops!, da transmissão ao vivo das sete horas de debates e acusações.
Não gostou dos discursos que não
acabavam nunca, sem levar a lugar
nenhum. E, principalmente, não
gostou de ficar em segundo plano.
O papel de "pacificador", como
vinham alardeando seus assessores, não se confirmou. Chávez, Uribe, Evo Morales, Rafael Correa, nenhum deles deu muita bola para o
empenho de Lula de tentar alguma
paz, muito menos acordo. Aliás,
nem para as propostas brasileiras.
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, tinha conversado com seus colegas do Equador e Colômbia e
anunciara que Uribe iria dar garantias em Bariloche de que as bases
militares continuarão sendo colombianas e que as tropas norte-americanas terão desenvoltura limitada ao território do país e ao
combate ao narcotráfico. Não houve garantia nenhuma. Os EUA,
aliás, também não deram.
O assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, que
conhece bem a região e viajou com
Jobim, apostava que Bariloche seria um "marco da distensão". Ao
contrário, Uribe mostrou suas armas, Chávez jogou um trunfo: o "Livro Branco" das Forças Armadas
dos EUA mostrando que o verdadeiro objetivo de uma das bases na
Colômbia, a de Palanquero, não é
tão simples e tão apenas policial assim. A tensão continua.
Até mesmo a convocação do Conselho Sul-Americano de Defesa para uma espécie de catalogação de
quem tem o quê na área bélica também ficou meio no ar. Pode ser, pode não ser. E ninguém pode garantir exatamente para que finalidade.
Lula não teve peso, não aconteceu. E voltou de cara amarrada.
elianec@uol.com.br
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