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Em retirada
Em meio à inflamada polêmica
sobre a construção de uma mesquita em Nova York, nas imediações do "ground zero" -local dos
atentados do 11 de Setembro-, o
presidente Barack Obama trata de
cumprir, nesta quarta-feira, a promessa de iniciar a retirada das tropas norte-americanas do Iraque.
Dos 144 mil soldados que se encontravam naquele país quando o
democrata assumiu a Presidência,
restarão agora 50 mil, oficialmente denominados de "não-combatentes", até o final de 2011.
A batalha pela opinião pública
em torno da questão iraquiana, e,
de modo geral, do terrorismo islâmico, parece tão complexa quanto
a realidade dos países em que este
se manifesta cotidianamente.
Com efeito, muitos aspectos
permanecem ambíguos na retirada que se anuncia.
Derrubou-se um ditador para
iniciar uma guerra civil da qual resultaram mais de 100 mil mortos.
Realizaram-se eleições democráticas, da qual resultou um Parlamento dividido, há meses incapaz
de constituir um gabinete. Reduziram-se os atentados terroristas
nos últimos anos, mas continuam
duvidosas as chances de que, com
suas próprias forças, o Estado iraquiano consiga debelar a ameaça.
Na última quarta-feira, como
numa demonstração de força, 12
cidades iraquianas foram alvo de
atos extremistas, dos quais resultaram mais de 50 mortos.
Apresentar de modo favorável
ou negativo a retirada das tropas é
assim tarefa entregue ao entrechoque das opiniões que ocupam,
asperamente, o cenário ideológico dos Estados Unidos.
Uma conclusão, entretanto, sobrepõe-se a esse debate: a de que
problemas dessa ordem fogem a
uma solução militar.
A vitória contra o extremismo
religioso depende de iniciativas
de promoção econômica, social e
política muito mais lentas, mas
certamente menos custosas, em
recursos financeiros e vidas humanas, do que as sangrentas
aventuras intentadas na região.
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