São Paulo, segunda-feira, 30 de agosto de 2010

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Editoriais

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Em retirada

Em meio à inflamada polêmica sobre a construção de uma mesquita em Nova York, nas imediações do "ground zero" -local dos atentados do 11 de Setembro-, o presidente Barack Obama trata de cumprir, nesta quarta-feira, a promessa de iniciar a retirada das tropas norte-americanas do Iraque.
Dos 144 mil soldados que se encontravam naquele país quando o democrata assumiu a Presidência, restarão agora 50 mil, oficialmente denominados de "não-combatentes", até o final de 2011.
A batalha pela opinião pública em torno da questão iraquiana, e, de modo geral, do terrorismo islâmico, parece tão complexa quanto a realidade dos países em que este se manifesta cotidianamente.
Com efeito, muitos aspectos permanecem ambíguos na retirada que se anuncia.
Derrubou-se um ditador para iniciar uma guerra civil da qual resultaram mais de 100 mil mortos. Realizaram-se eleições democráticas, da qual resultou um Parlamento dividido, há meses incapaz de constituir um gabinete. Reduziram-se os atentados terroristas nos últimos anos, mas continuam duvidosas as chances de que, com suas próprias forças, o Estado iraquiano consiga debelar a ameaça.
Na última quarta-feira, como numa demonstração de força, 12 cidades iraquianas foram alvo de atos extremistas, dos quais resultaram mais de 50 mortos.
Apresentar de modo favorável ou negativo a retirada das tropas é assim tarefa entregue ao entrechoque das opiniões que ocupam, asperamente, o cenário ideológico dos Estados Unidos.
Uma conclusão, entretanto, sobrepõe-se a esse debate: a de que problemas dessa ordem fogem a uma solução militar.
A vitória contra o extremismo religioso depende de iniciativas de promoção econômica, social e política muito mais lentas, mas certamente menos custosas, em recursos financeiros e vidas humanas, do que as sangrentas aventuras intentadas na região.


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