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ELIANE CANTANHÊDE
Mais diálogo com o Brasil
BRASÍLIA - Não se esperem grande mudanças na passagem de um
Kirchner a outro na Argentina, mas
o governo brasileiro se diz otimista.
Aposta que a nova presidente -ou
presidenta, como ela prefere-
aprofundará as políticas do marido
no plano interno e terá mais desenvoltura no plano externo. Ou seja:
dialogará melhor com o Brasil.
Néstor Kirchner assumiu em
meio a quedas de presidentes, instabilidade política e caos econômico, mas surpreendeu. Não só conseguiu se segurar no cargo como estabilizou o país e fez a sucessora.
Cristina Kirchner chega em condições bem melhores para maior
desenvolvimento, industrialização
e distribuição de renda.
No primeiro mandato do casal, a
Argentina aproximou-se ostensivamente de Hugo Chávez, como fica
evidente nas reuniões de presidentes da região -isto é, quando Kirchner resolve aparecer, o que não é
sempre. Mas foi um movimento
pragmático, já que Chávez comprou títulos da dívida da Argentina,
uma mão na roda.
Desde a campanha, Cristina esteve muito mais para Lula do que para Chávez, e ela levou e deixou boa
impressão de Brasília, reiterando
que, para onde forem Brasil e Argentina juntos, a América do Sul irá.
Na pauta bilateral, as áreas nuclear,
espacial, aeronáutica e indústria de
defesa em geral.
A pergunta inevitável é se a eleição de Michelle Bachelet no Chile e
agora de Cristina Kirchner na Argentina poderá ter reflexos no Brasil. Qualquer resposta seria chute,
mas há dois dados de análise: 1) o
continente vive de ondas desde a
populista, a militar, a neoliberal até
a atual, dita de esquerda. Mulheres
presidentes são a nova onda? 2)
num cenário com um presidente
forte como Lula e um partido sem
candidatos como o PT, Dilma Rousseff é um nome. Por que não?
A hora, porém, é de desejar sucesso para Bachelet e Cristina, e não
apenas por serem mulheres.
elianec@uol.com.br
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