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CLÓVIS ROSSI
O BC é o único certo no mundo?
SÃO PAULO - Relatório recente
do Iedi (Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial) usou,
pela primeira vez que eu tenha notado, a palavra "recessão" para falar
da economia brasileira -aquela
que estava "blindada" contra a crise
externa, lembra-se?
Diz o Iedi: "Tão acentuados têm
sido os efeitos internos e externos
sobre o crédito aos agentes produtivos, que não se deve descartar a hipótese de a economia brasileira
proximamente entrar em uma recessão. Como cabe observar, se o
crédito não era o único mecanismo
indutor do crescimento do consumo e do investimento na economia
brasileira, era, certamente, o mais
importante".
Se há esse baita problema de crédito, deve-se fazer o diabo para injetar dinheiro na economia. O governo até vem fazendo um bocado nessa área, mas o Banco Central resolveu ontem andar na contramão de
todos os BCs do planeta, ao manter
os juros no obsceno patamar em
que se encontram.
Não dá para entender. Basta ler a
nota com a qual o Fed, o BC norte-americano, explicou a decisão de
reduzir os juros de 1,5% para 1% ao
ano. Praticamente tudo o que está
nela vale também para o Brasil,
guardadas as proporções:
"O ritmo da atividade econômica
parece ter se desacelerado marcadamente, em grande medida devido
a um declínio nos gastos do consumidor. (...) A desaceleração da atividade econômica em muitas economias externas está prejudicando as
perspectivas para as exportações
dos EUA. Além disso, a intensificação da turbulência no mercado financeiro provavelmente representará um constrangimento adicional
sobre o gasto, em parte por reduzir
ainda mais a capacidade de pessoas
e negócios de obter crédito".
Se, nessas circunstâncias, comuns ao planeta, todo mundo reduz os juros, só o BC brasileiro acerta ao mantê-los?
crossi@uol.com.br
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