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FERNANDO RODRIGUES
A preguiça da oposição
BRASÍLIA - Se Dilma Rousseff vencer amanhã, toneladas de papel e
hectolitros de tinta serão usados
para analisar a fragilidade da oposição. Um aspecto preliminar deve
ser considerado a respeito desse raquitismo: a gênese da anemia.
Há dois fatores principais. O primeiro e mais óbvio é a economia
aquecida e Lula nas alturas. O outro
é a preguiça dos líderes oposicionistas em períodos adversos.
Vigora entre as siglas anti-Lula
uma espécie de aversão atávica ao
trabalho de estruturação de seus
clubes. Poucos aceitam a imposição natural da vida pela qual é necessário suar a camisa para construir agremiações realmente profissionais e merecedoras de serem
chamadas de partidos políticos.
O PSDB ganhou o Planalto nas
asas do Plano Real. Passou oito
anos no poder e não se sabe exatamente até hoje o que seria e se existe uma militância tucana.
O DEM (ex-PFL) nunca soube ser
oposição desde a chegada de Pedro
Álvares Cabral. Se não está no governo, grita. Não há notícias de diretórios demistas atuantes em bairros populares de cidades como São
Paulo, Rio ou Belo Horizonte.
É difícil a vida na oposição. O PT
que o diga. Amargou bancadas minoritárias no Congresso por duas
décadas, nos anos 80 e 90. A sigla
de Lula aproveitou para crescer na
adversidade. Existem diretórios petistas estruturados na maioria das
cidades brasileiras.
Alguém dirá que o PT se apoderou do Estado. Incrustou-se em cargos públicos. A explicação é plausível em parte, pois há na sigla uma
certa vida partidária real. A ponto
de Lula ter sido obrigado a enfrentar uma eleição prévia interna contra Eduardo Suplicy em 2002. Mais
de 150 mil filiados foram às urnas.
PSDB e DEM podem sentar e esperar até uma crise econômica abrir
as portas do paraíso para a oposição. É uma saída. Mas é pouco se a
intenção for construir partidos
reais, e não ajuntamentos de interesses de caciques regionais.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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