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ESQUERDAS NA AMÉRICA
O paralelo entre o recém-eleito presidente do Equador,
Lucio Gutiérrez, e o presidente da
Venezuela, Hugo Chávez, é inescapável. Ambos são militares, têm a
patente de coronel, defendem um vago ideário de esquerda e, antes de ser
eleitos, haviam participado de tentativas de golpe de Estado.
Já adentrando o terreno da psicologia, é possível identificar nos dois líderes alguns traços de megalomania. Enquanto Chávez não cessa de
fazer referências a Simón Bolívar, o
grande herói latino-americano, Gutiérrez compara o golpe que desfechou contra o presidente Jamil Mahuad, em janeiro de 2000, à Revolução Francesa de 1789.
Gutiérrez merece, por ora, o benefício da dúvida. Suas curiosas semelhanças com Chávez não autorizam
a prever, para a sua administração, as
mesmas dificuldades e o mesmo tipo
de problema que permeiam o mandato do venezuelano.
Num certo sentido, a eleição de
Gutiérrez guarda semelhanças também com a de Luiz Inácio Lula da Silva. Neste caso, as analogias se dão
menos em torno das personalidades
individuais e muito mais em relação
aos ânimos das populações que levaram os dois mandatários ao poder.
Ao que tudo indica, desempenhou
importante papel nas eleições de ambos os candidatos tidos como esquerdistas a grande frustração com
as reformas ultraliberais.
Quase uma década depois de sua
implantação nos principais países latino-americanos, a receita baseada
em abertura comercial e financeira,
privatizações e redução do papel do
Estado não foi capaz de trazer mais
prosperidade às populações desses
países. Em alguns casos, como o do
Equador e da Argentina, houve até
um nítido empobrecimento.
É razoável até supor que outros
candidatos de esquerda saiam vitoriosos nos próximos pleitos latino-americanos. Apesar da grave crise
econômica que afeta o subcontinente, as democracias estão, de um modo geral, funcionando.
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