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CRISES DENTRO E FORA
Nessa semana o presidente
Fernando Henrique Cardoso
voltou a argumentar que, durante
seus dois mandatos, teve de administrar diversas crises e que essas crises foram originadas no exterior. A
sentença é verdadeira, mas, para tornar-se explicação, carece de complemento. Com a globalização financeira que nos anos 90 incluiu os chamados mercados emergentes, a instabilidade dos fluxos de capitais provocou diversas crises nesses países.
Mas o impacto dessas crises globais não foi uniforme no grupo de
países conhecido como "em desenvolvimento". Entre as nações que
mais sofreram com o refluxo periódico de capitais -que agora dá mostras de ter-se tornado duradouro-
estão a Argentina, onde a "débâcle"
financeira desencadeou mazelas sociais e institucionais gravíssimas, e o
Brasil, que apresentou irrisório crescimento do PIB per capita na década
de 1990 e que agora passa por um duro "ajuste" externo baseado na contenção da demanda doméstica.
O México, que deixou o peso flutuar no início de 1995 e, a partir daí,
acelerou o seu atrelamento à economia americana, apresentou taxa média de crescimento anual do PIB de
2,9% entre 1995 e 2001, contra 2,4%
do Brasil. A partir de 1996, depois da
depressão mexicana de 1995 (queda
de 6,2% do PIB), aquele país cresceu,
até o ano passado, à média anual de
4,5% -entre 1996 e 2001 o crescimento médio do Brasil foi de 2,1%.
O Chile, por sua vez, cresceu, entre
1993 e 2001, à média anual de 5,2%,
enquanto a economia brasileira se
expandiu 3,1%, em média, nesse período de nove anos.
Portanto, há que buscar também
fatores relativos à política econômica
adotada no Brasil para complementar a sentença de FHC, em busca dos
motivos pelos quais o país sofreu relativamente mais que alguns de seus
parceiros latino-americanos "em desenvolvimento" as consequências
das crises financeiras globais. Cumpre lembrar que um dos resultados
da política econômica implantada
por aqui foi o aumento da vulnerabilidade do Brasil a choques externos.
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