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FERNANDO RODRIGUES
Lula e a comunicação
BRASÍLIA - Quilômetros de papel e hectolitros de tinta foram consumidos, nesta Folha inclusive, para descrever os problemas de comunicação
dos oito anos de governo de Fernando Henrique Cardoso.
Foi comum haver conflitos entre a
assessoria do Planalto (contato direto com a mídia) e a Secretaria de Comunicação (responsável pelos milionários contratos publicitários).
Poucas marcas definitivas foram
deixadas pelo governo tucano. "FHC
acabou com a inflação" será a lembrança mais forte.
Embora o país esteja numa barafunda econômica, é evidente que
muito mais foi feito além do combate
à inflação. Até o PT sabe disso.
Para não fracassar da mesma forma, Lula terá de fazer diferente de
FHC. É possível que tente repetir a
fórmula eleitoral.
Lula impôs duas condições ao PT
para ser candidato com chances reais
de ganhar o Palácio do Planalto. Primeiro, que o partido o liberasse para
fazer alianças com o centro e com a
centro-direita. Segundo, que a campanha tivesse um esquema profissional de comunicação e marketing.
No governo, as duas exigências terão serventia. Uma delas é irreversível. As alianças são uma realidade.
Basta ver as fotos recentes de Lula ao
lado de Sarney, ACM e outros.
No caso da comunicação, o cenário
é nebuloso. Lula não se pronunciou a
respeito. O nome citado nos bastidores para comandar a secretaria dos
contratos publicitários é o de Luiz
Gushiken, amigo de Lula. No Planalto, poderá ficar outro quadro da convivência pessoal do presidente eleito,
o assessor Ricardo Kotscho.
Além de amigos do presidente, os
ocupantes das duas funções terão de
manter uma sintonia fina entre suas
ações. Será uma mudança grande em
relação ao que se viu durante FHC.
Resta saber se Lula conseguirá operar
essa complexa engenharia.
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