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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Faroeste caboclo
SÃO PAULO - Diante do vídeo que
exibe José Roberto Arruda recebendo de um auxiliar maços gorduchos de notas, o secretário de Ordem Pública (?) do Distrito Federal
explicou que a dinheirama se destinava à compra de panetones e cestas básicas. Esqueceu de acrescentar que o próprio governador as distribuiria, fantasiado de Papai Noel,
sobrevoando Brasília de trenó.
O repertório de Arruda como canastrão se esgotou. O único governador do Democratas no país acabou politicamente. Os próprios Demos na prática já o rifaram ontem,
em nota lacônica, diante das evidências devastadoras reunidas até
agora pela PF. As revelações parecem suficientes para se deduzir que
o governo do DF funcionava como
fachada e QG de uma quadrilha que
tinha (tem) o governador à testa.
Achaques a empresas, distribuição regular de propinas a parlamentares e aliados, divisão de dinheiro sujo entre membros do primeiro escalão da administração,
milhões de reais envolvidos nos esquemas de rapinagem.
As investigações dão conta de que
o esquema operava desde a gestão
anterior, com o aval do governador
Joaquim Roriz, o que precisa ser
melhor apurado. Mas as relações
entre os dois são antigas. Arruda foi
secretário de Obras e chefe do Gabinete Civil de Roriz no início dos
anos 90. Na era FHC, já no PSDB,
ganhou uma importância que não
tinha. Era líder do governo no Senado quando, em 2001, foi flagrado
violando o painel de votação e renunciou para não ser cassado.
Arruda transformou seu recuo
tático numa pantomima de arrependimento e autoflagelo. Sua volta
à política -da qual nunca saiu- está marcada por esse ritual farsesco
de conversão e vitória moral sobre
si mesmo. Trata-se de um político
pedestre, tipo espertalhão e vulgar,
que soube inventar para si um enredo eficaz de sobrevivência.
"Reconhece a queda e não desanima, levanta, sacode a poeira e dá a
volta por cima". O grande samba de
Paulo Vanzolini já não serve a Arruda. Se sacudir muito, ainda cai algum do seu bolso.
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