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CARLOS HEITOR CONY
Civilização em crise
RIO DE JANEIRO - Já comentei
diversas vezes um movimento de
feministas radicais que tentou proibir o orgasmo das mulheres enquanto perdurasse a sangrenta tirania de Pinochet.
Caiu o ditador, e os machistas,
também radicais, em júbilo, soltaram foguetes festejando a nova era.
Estavam mal informados: as feministas descobriram que havia um
buraco na camada de ozônio, provocado pela demência da nossa civilização, e aí tudo ficou na mesma: o
orgasmo proibido enquanto a humanidade não tomasse juízo, preservando o meio ambiente.
Bem, não sou de dar conselhos,
ainda mais às mulheres e sobre um
direito tão natural. Apesar disso,
acho que a sociedade atual está se
habituando à violência da crise do
Oriente Médio, que já dura 60 anos
e que teve, neste final de ano,
um surto que coloca o mundo em
alerta.
A pior guerra na história da humanidade é quando os dois lados
têm razão para brigar. Israel veio de
uma diáspora de 2.000 anos, foi um
povo errante e perseguido ao longo
de séculos. Após a tragédia do Holocausto nazista teve direito a um espaço físico no mundo e à segurança
de uma nação.
Os palestinos pagaram o mico e
iniciaram uma espécie de diáspora
que ainda não foi resolvida. O lugar-comum garante que a guerra começa quando a política e a diplomacia
acabam. Palestinos e israelenses
permanecem em luta que é quase
uma guerra civil. Os acordos e pressões da comunidade internacional
são apenas retóricos e bem-intencionados. Nenhum dos lados se
submete ao bom senso e, diga-se de
passagem, o apoio dos Estados Unidos a um dos contendores amplia a
dimensão da crise.
Não serei eu que salvarei a lavoura mundial. Constato apenas que
alguma coisa concreta precisa ser
feita para evitar a banalização da
violência.
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