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RECESSÃO CRIMINAL NOS EUA
A criminalidade nos EUA vem caindo nos últimos sete anos, tendência
que intriga os especialistas. Não há
consenso sobre a causa principal do
declínio, embora haja uma inclinação para identificá-la com alguma
panacéia da moda, como a política de
"tolerância zero" praticada pela polícia de Nova York.
Uma primeira e óbvia causa pode
ser encontrada no bom desempenho
da economia norte-americana ao
longo desta década, mas ela não satisfaz os analistas, especialmente
porque não permite explicar variações regionais e demográficas.
Alguns criminologistas associam
esse componente socioeconômico à
retração do mercado de crack, derivado da cocaína que no final dos
anos 80 tornou-se a droga mais consumida por adolescentes dos grandes centros urbanos. Prováveis futuros consumidores, acreditam os especialistas, estariam sendo desestimulados pelos exemplos devastadores dos próprios pais e irmãos.
As estatísticas corroboram indiretamente essa suspeita. Relatório divulgado há pouco pelo Departamento
de Justiça dos EUA indica que as
maiores reduções, desde 91, ocorreram no caso de crimes tradicionalmente associados ao consumo e tráfico de crack: homicídios (menos
31%) e assaltos a mão armada (32%).
Há outras interpretações, no entanto. Alguns dos estudiosos atribuem a
queda da violência a razões demográficas, no caso a simples diminuição do contingente de jovens na faixa
de idade mais propensa ao crime.
Outros preferem destacar o papel do
chamado policiamento comunitário,
ou ainda o aumento da precaução e o
emprego de equipamentos de segurança por parte do público.
O mais provável é que a diminuição
da criminalidade nos Estados Unidos
resulte de uma combinação de vários
desses fatores, sendo o baixo desemprego e a mobilização da comunidade os fatores centrais do fenômeno.
É algo que todo cidadão deve ter em
mente quando ouvir promessas de
soluções milagrosas para dar cabo da
não menos complexa criminalidade
nas cidades brasileiras.
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