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Conexão Manágua
FERNANDO RODRIGUES
Brasília - Os sequestradores de Abílio
Diniz que podem ser beneficiados por
FHC fazem parte de um grupo de
ex-esquerdistas órfãos de ideologia.
São exímios criminosos.
Aprenderam a fazer a revolução nos
anos 60 e 70. Nos anos 80, perderam o
rumo. Alguns se aposentaram. Outros
seguiram no ramo em que se especializaram: sequestros.
Diniz foi sequestrado em 89. Em
maio de 93, explodiu por acidente um
"bunker" em Manágua, na Nicarágua.
Milhares de documentos foram encontrados, inclusive os usados no caso do
empresário brasileiro.
Chamavam a atenção no papelório
de Manágua listas com nomes de empresários sequestráveis. Eram 77 pessoas do México e 65 do Brasil.
Essa internacional do sequestro tinha informações detalhadas sobre os
sequestráveis. Havia fotos, costumes
pessoais, trajetos diários. Tudo para
facilitar a operação criminosa.
A doce Christine Lamont, hoje feliz
da vida no Canadá, deixara na Nicarágua várias cartas manuscritas para
seus familiares. Cada carta com uma
data diferente. Seriam enviadas uma
a uma, de tempos em tempos, enquanto ela e o namorado já estivessem no
Brasil sequestrando empresários.
Tão detalhado, faltava ao material
de Manágua uma informação: os nomes de possíveis beneficiados com o
sequestro. Quais seriam as organizações revolucionárias que receberiam o
dinheiro do tal crime político?
Ainda que todos os participantes do
sequestro de Abílio Diniz tenham um
passado de esquerda, isso não é suficiente para provar que o crime tenha
sido necessariamente político.
Também não é possível afirmar taxativamente que todos os participantes do sequestro de Diniz entraram na
operação só pelo dinheiro.
O mais provável é que tenha ocorrido uma mistura de interesses. Alguns
pensando, bobamente, estar fazendo
revolução. E outros querendo simplesmente enriquecer.
Em qualquer hipótese, ao pretender
devolver essa gente para os seus países
de origem, FHC estará dando uma
mãozinha para quem enxerga na prática do sequestro um meio de vida.
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