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Fim de um ciclo
A RETIRADA unilateral do
Exército de Israel dos territórios palestinos -idéia
na qual repousavam as esperanças de paz da maioria dos israelenses- está superada.
De fato, é difícil estabelecer entendimento duradouro sem que
todas as partes envolvidas no
conflito estejam de acordo. E o
plano de saída unilateral, concebido pelo premiê Ariel Sharon,
deixava de lado os palestinos.
Apesar desse defeito estrutural, a retirada recebeu apoio não
só da maioria dos eleitores israelenses como de grande parte da
comunidade internacional. Por
mais claudicante que fosse, era
um passo em direção à paz.
Nada porém saiu como planejado. A retirada da faixa de Gaza
acabou contribuindo para a vitória do grupo terrorista Hamas
nas eleições legislativas palestinas e resultou em mais ataques
com foguetes contra território
israelense. Pior, Sharon adoeceu,
e seu substituto, Ehud Olmert,
meteu-se numa guerra infrutífera contra a milícia extremista
Hizbollah no Líbano.
A conjunção de fiascos, como
mostrou reportagem da Folha
no domingo, assinala o óbito da
proposta unilateral e reabre a
temporada de negociações entre
israelenses e palestinos. O problema é que não restam, de nenhum dos lados, lideranças com
respaldo para selar acordos.
Pelos israelenses, Olmert tornou-se um premiê fraco que dificilmente chegará ao fim de seu
mandato. Do lado palestino a situação é ainda pior, dado que o
partido Fatah, do presidente
Mahmoud Abbas, e o Hamas
travam uma batalha sangrenta
pelo poder.
É bom que os israelenses tenham abandonado a ilusão de
que poderiam chegar à paz sem
negociá-la com os palestinos. É
preciso agora que surjam novos
líderes de ambos os lados comprometidos com a retomada da
negociação diplomática.
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