São Paulo, quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

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Fim de um ciclo

A RETIRADA unilateral do Exército de Israel dos territórios palestinos -idéia na qual repousavam as esperanças de paz da maioria dos israelenses- está superada.
De fato, é difícil estabelecer entendimento duradouro sem que todas as partes envolvidas no conflito estejam de acordo. E o plano de saída unilateral, concebido pelo premiê Ariel Sharon, deixava de lado os palestinos.
Apesar desse defeito estrutural, a retirada recebeu apoio não só da maioria dos eleitores israelenses como de grande parte da comunidade internacional. Por mais claudicante que fosse, era um passo em direção à paz.
Nada porém saiu como planejado. A retirada da faixa de Gaza acabou contribuindo para a vitória do grupo terrorista Hamas nas eleições legislativas palestinas e resultou em mais ataques com foguetes contra território israelense. Pior, Sharon adoeceu, e seu substituto, Ehud Olmert, meteu-se numa guerra infrutífera contra a milícia extremista Hizbollah no Líbano.
A conjunção de fiascos, como mostrou reportagem da Folha no domingo, assinala o óbito da proposta unilateral e reabre a temporada de negociações entre israelenses e palestinos. O problema é que não restam, de nenhum dos lados, lideranças com respaldo para selar acordos.
Pelos israelenses, Olmert tornou-se um premiê fraco que dificilmente chegará ao fim de seu mandato. Do lado palestino a situação é ainda pior, dado que o partido Fatah, do presidente Mahmoud Abbas, e o Hamas travam uma batalha sangrenta pelo poder.
É bom que os israelenses tenham abandonado a ilusão de que poderiam chegar à paz sem negociá-la com os palestinos. É preciso agora que surjam novos líderes de ambos os lados comprometidos com a retomada da negociação diplomática.


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