|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
Lula 2.0
BRASÍLIA - As eleições amanhã
para presidentes da Câmara e do
Senado marcarão o início do novo
modelo de relação entre Lula e o
Congresso. Será uma espécie de Lula 2.0 na área política.
O petista nunca teve um sistema
próprio de interação com o Poder
Legislativo. Alugou um de segunda
mão em 2003. Funcionou dois
anos. Na renovação do leasing, implodiu com o mensalão.
Ao vencer a reeleição, Lula quis
construir algo mais perene na política. A economia não precisava de
ajustes profundos. Para efeitos eleitorais, a ortodoxia mesclada com
assistencialismo resolveu. Bastou
agora reempacotar o conservadorismo com uma pitada de marketing desenvolvimentista.
Já na administração de sua base
congressual, Lula nunca conseguiu
copiar FHC. De 1995 a 2002, três
grandes partidos -PSDB, PFL e
PMDB- funcionaram como âncora
para o Planalto fernandista dentro
do Congresso. Legendas médias e
nanicas recebiam migalhas.
Lula jamais terá PSDB e PFL. O
petista criou uma aliança com 11 siglas. O teste inicial será amanhã.
Exceto se José Agripino (PFL) e
Gustavo Fruet (PSDB) ficarem com
as presidências do Senado e da Câmara, o modelo Lula 2.0 começará
muito bem.
No Senado, a opção governista é
Renan Calheiros, do PMDB. Na Câmara, Lula estaria melhor pessoalmente com Aldo Rebelo (PC do B).
O PT ficaria mais controlado. Mas
uma vitória do petista Arlindo Chinaglia também terá serventia ao
Planalto: ajudará a trazer um naco
mais robusto do PMDB da Câmara
para dentro do governo -livrando o
presidente de só depender dos senadores peemedebistas.
Tudo considerado, Lula já está
com a popularidade na Lua e pode,
nesta semana, beneficiar-se de um
modelo político fisiológico eficaz de
administração de seus votos no
Congresso. Pobre oposição.
frodriguesbsb@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Fim da história, de novo? Próximo Texto: Rio de Janeiro - Plínio Fraga: Trava-língua petista Índice
|