São Paulo, quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

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Motim policial

ASSUME dimensões preocupantes a crise disciplinar na PM do Rio. Em protesto contra o governo estadual, que decidiu afastar a cúpula da instituição, policiais de um batalhão da capital ameaçaram abandonar seus postos de trabalho; enquanto a ameaça não se cumpre, já são mais de 40 os oficiais que, solidários na rebeldia, colocaram seus cargos à disposição.
A autoridade do governador Sérgio Cabral se vê, desse modo, desafiada no que constitui um inadmissível processo de descontrole das forças policiais.
Na última terça-feira, Cabral tomou a iniciativa de destituir o comandante-geral da PM, coronel Ubiratã Ângelo, e seus principais assessores. Não poderia ter agido de outro modo: era evidente que já não se represava o movimento de reivindicações salariais na corporação militar.
Uma passeata reuniu, no domingo passado, cerca de 300 policiais insatisfeitos com os índices de reajuste nos seus vencimentos. Num ato de afronta direta, os manifestantes ameaçavam rumar até a casa do governador, no Leblon. Pararam antes disso; mas já tinham rompido os limites disciplinares que, pela natureza militar de suas funções, estão obrigados a respeitar.
O comandante-geral da PM, contudo, dava sinais de tolerância com a insubordinação. Um de seus assessores havia dado, há tempos, declarações de apoio ao movimento; não teve punição mais drástica do que a transferência para um posto bem situado na hierarquia policial.
Afastado o comandante Ubiratã, a crise se agravou. Seu substituto, Gilson Pitta Lopes, era tido como simpático ao movimento; contrariados com o que consideram uma "traição", os policiais amotinados exacerbam sua incursão na ilegalidade e na afronta ao poder constituído. Que sejam contidos com máximo rigor.


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