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ELIANE CANTANHÊDE
De dentro do navio
TOULON - Os submarinos de propulsão nuclear de ataque dos EUA
são grandes e vocacionados para
disparar mísseis balísticos contra
alvos em terra -cidades, inclusive.
Já os da França, construídos pela
DCNS, que tem participação estatal, são considerados menores e
mais ágeis, podendo disparar tanto
torpedos (por baixo d'água) quanto
mísseis (para fora) em alvos no mar.
Seriam, portanto, mais adequados
ao sonho brasileiro de ter submarinos de propulsão nuclear para vigiar sua imensa costa.
É outra boa desculpa para o governo Lula e o ministro Nelson Jobim darem as costas aos EUA e
acertarem "aliança estratégica"
com a França, acompanhada oportunamente de pesadas vendas francesas, compras brasileiras e futuras
empresas binacionais de defesa.
Ontem, Jobim desceu com seu
corpanzil num exemplar da Esquadrilha de Submarinos Nucleares de
Ataque, em Toulon. E lá fui eu atrás
conhecer também um submarino
francês. A escada é estreita e na vertical, os leitos parecem catre de prisão, os corredores são mínimos. Ou
seja, conforto zero.
Mas, do ponto de vista de tecnologia, o submarino é um show, conforme explicou um oficial francês,
apontando para os sonares, a tela
que define o alvo, o funil que dispara mísseis ou torpedos. Jobim e oficiais do Brasil gostaram do que viram, especialmente o comandante
da Marinha, almirante Júlio Soares
de Moura Neto, que tem uma idéia
fixa: o submarino de propulsão nuclear brasileiro, que se arrasta desde 1979 e, aparentemente, agora vai
zarpar.
Enquanto o Brasil vai, a França já
foi e já voltou. O primeiro submarino brasileiro não sai antes de 2020.
E em 2017 os franceses já começarão a substituir a classe Rubi pelos
Barracuda, de novíssima geração.
Aliás, isso é algo que o Brasil também pretende aprender com a
França: planejamento. Algo que,
definitivamente, nunca houve.
Nem na defesa, nem no resto.
elianec@uol.com.br
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