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Editoriais
Censura chinesa
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UM ENORME mercado consumidor, cujo poder aquisitivo aumenta a taxas inigualáveis no mundo, associado a
um Estado centralizador e autoritário. A singularidade de tal
combinação, na China, criou um
modelo de relação do governo local com investidores estrangeiros também único.
Para ter acesso à demanda chinesa, empresas se curvam ao poder de barganha do Partido Comunista, ainda que isso signifique aceitar regras que em outros
países seriam consideradas desvantajosas ou abusivas.
O caso mais notório é o da ferramenta de buscas Google, que
ao se instalar no país, em 2006,
submeteu-se à determinação de
censurar pesquisas sobre temas
considerados "sensíveis", como
o massacre na praça da Paz Celestial, ocorrido há mais de 20
anos. Também o Yahoo!, um de
seus principais concorrentes, já
havia sido acusado, anos antes,
de permitir o acesso, por parte
do governo, a contas de e-mail de
dissidentes políticos.
É justamente por fugir à regra
que se torna digna de nota a reação do Google à tentativa de
"hackers" chineses, há 20 dias,
de violar a correspondência de
ativistas de direitos humanos do
país. A empresa anunciou que
poria fim à "filtragem" de temas
e se afirma disposta a interromper as atividades no país caso o
governo não aceite a decisão.
O embate provocou reação da
Casa Branca, que criticou a "cibercensura" do gigante asiático.
Em resposta, os chineses argumentam que os EUA também vigiam e controlam informações
da rede. Ademais, dizem ter o direito de se defender do "imperialismo de informação" praticado
pelos americanos.
Na economia e na política, em
resposta a críticas sobre manipulação desleal do câmbio ou à violação de direitos individuais, os
chineses usam o mesmo recurso
retórico relativista. Afirmam-se
iguais ao Ocidente -"também os
EUA agem assim"- ou diferentes, negando a existência de valores universais, a depender do interesse e da ocasião.
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