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ELIANE CANTANHÊDE
Montando o circo
BRASÍLIA - O Congresso reabre
na terça com uma pauta fraca, baseada na regulamentação do pré-sal, e as energias políticas estarão
voltadas para três questões: o destino de Ciro Gomes na campanha, o
imbróglio do vice de Dilma e a ansiedade da oposição pelo sim de Aécio Neves para a chapa de Serra.
Se depender de Ciro, ele vai ser
candidato a tudo. Se depender do
PT, não vai ser candidato a nada. Ciro estava assanhado para disputar a
Presidência enquanto à frente de
Dilma nas pesquisas, mas isso é coisa do passado desde o Datafolha de
dezembro. Serra se mantém na liderança, Dilma se isolou no segundo lugar, e simplesmente não há espaço para Ciro.
Se insistir, ele vai sem as bênçãos
de Lula, sem alianças partidárias,
sem financiadores e sem tempo na
TV. Ou seja, para o buraco. Se desistir, vai para onde? Lula estimulou
Ciro a mudar o domicílio eleitoral
para São Paulo, mas o PT não quer
nem ouvir falar na candidatura dele
ao Bandeirantes. Seria perder a
eleição por WO e jogar fora a chance de apresentar um nome em 2010
para ter um candidato petista de fato em 2012 e 2014.
Ciro está no limbo, e Michel Temer não está melhor. Esfomeado
para ser vice de Dilma, já teve de digerir o Sapo Barbudo cobrando
uma lista tríplice do PMDB, e agora
engole um sapo atrás do outro: o PT
lança nos jornais o nome de Sérgio
Cabral num dia; o de Henrique
Meirelles no outro; o de Hélio Costa
no seguinte. Para bom entendedor,
basta. Para políticos experientes
como Temer, é demais.
E o PSDB está naquela: é Aécio ou
Aécio para vice de Serra. Se ele bater pé que não, vai ser até engraçado
-mas engraçado para nós, da plateia. Para quem está no picadeiro da
oposição, um drama.
Essas três questões estarão na superfície do debate político, ao lado
da tensa montagem dos palanques
estaduais. Nas profundezas, a questão é outra: a explosiva atração de
financiadores de campanha.
elianec@uol.com.br
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