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POWELL MAIS FRACO
O secretário de Estado dos
EUA, Colin Powell, emerge como grande derrotado do fiasco diplomático que foi a tentativa de levar
a ONU a autorizar o uso da força
contra o Iraque. Powell era o chefe do
Estado-Maior das Forças Armadas à
época da primeira Guerra do Golfo e
é hoje uma das poucas vozes moderadas entre os principais auxiliares
de George W. Bush.
De acordo com relatos publicados
na imprensa norte-americana, "falcões" como o vice-presidente Dick
Cheney e o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, não queriam nem levar o problema à ONU. Sustentavam
que resoluções anteriores da organização já davam a base jurídica para
invasão. Procurar uma nova legitimação seria perda de tempo e demonstração de fraqueza por parte da
única superpotência do planeta.
Bush, porém, deu ouvidos a Powell, que lhe teria assegurado que
conseguiria obter uma nova resolução e costurar uma aliança internacional para a ação contra Saddam
Hussein. Não logrou alcançar o
mandato internacional e só foi capaz
de produzir uma coalizão precária,
com meia dúzia de países ocidentais,
e arrancar a anuência hesitante de
pequenos Estados do golfo Pérsico.
Pior até, a campanha para convencer a opinião pública mundial de que
a operação contra Saddam era justificada teve o resultado exatamente
oposto, levando expressivos contingentes das populações de países ocidentais e as chamadas massas árabes
e muçulmanas a ver o próprio presidente Bush como uma ameaça à paz
mundial.
Powell e o Departamento de Estado
cometeram erros graves, como se
pode aferir pelos resultados. Mas é
preocupante a perspectiva de que
Bush deixe de dar-lhe atenção e passe a ouvir mais figuras como Cheney
e Rumsfeld. Se, sob a influência moderadora de Powell, o presidente já
atua com empáfia e unilateralismo
desconcertantes, é melhor nem imaginar o que pode fazer sob os conselhos apenas dos "falcões".
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