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São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 2003

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POWELL MAIS FRACO

O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, emerge como grande derrotado do fiasco diplomático que foi a tentativa de levar a ONU a autorizar o uso da força contra o Iraque. Powell era o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas à época da primeira Guerra do Golfo e é hoje uma das poucas vozes moderadas entre os principais auxiliares de George W. Bush.
De acordo com relatos publicados na imprensa norte-americana, "falcões" como o vice-presidente Dick Cheney e o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, não queriam nem levar o problema à ONU. Sustentavam que resoluções anteriores da organização já davam a base jurídica para invasão. Procurar uma nova legitimação seria perda de tempo e demonstração de fraqueza por parte da única superpotência do planeta.
Bush, porém, deu ouvidos a Powell, que lhe teria assegurado que conseguiria obter uma nova resolução e costurar uma aliança internacional para a ação contra Saddam Hussein. Não logrou alcançar o mandato internacional e só foi capaz de produzir uma coalizão precária, com meia dúzia de países ocidentais, e arrancar a anuência hesitante de pequenos Estados do golfo Pérsico.
Pior até, a campanha para convencer a opinião pública mundial de que a operação contra Saddam era justificada teve o resultado exatamente oposto, levando expressivos contingentes das populações de países ocidentais e as chamadas massas árabes e muçulmanas a ver o próprio presidente Bush como uma ameaça à paz mundial.
Powell e o Departamento de Estado cometeram erros graves, como se pode aferir pelos resultados. Mas é preocupante a perspectiva de que Bush deixe de dar-lhe atenção e passe a ouvir mais figuras como Cheney e Rumsfeld. Se, sob a influência moderadora de Powell, o presidente já atua com empáfia e unilateralismo desconcertantes, é melhor nem imaginar o que pode fazer sob os conselhos apenas dos "falcões".


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