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CLÓVIS ROSSI
De vis, boçais e cínicos
SÃO PAULO - Se não existisse a oposição, o governo Lula já teria acabado
há muito tempo. Os companheiros e
neocompanheiros se matam entre
eles e, no processo, revelam ao distinto público o caráter que eles próprios
acham que o governo tem.
Para ficar só nas contendas mais
recentes, há o affaire Antonio Palocci
x Jorge Mattoso. O público só ficou
sabendo detalhes quase completos do
crime do governo contra o caseiro
Francenildo graças à pendência entre eles. Um, ministro da Fazenda, o
outro, presidente da Caixa Econômica Federal. Reúnem-se em pleno Palácio do Planalto, mas não discutem
economia. Discutem um crime. Diz
tudo a respeito do caráter de um governo. É claro que o presidente da
República não sabia de nada, de novo. Também diz muito sobre o caráter do governo.
Mal as brasas começam a adormecer sobre mais esse crime do lulo-petismo, ficamos sabendo que o governo inclui um "empresário boçal",
ainda por cima favorável ao monopólio, e um ministro "vil".
O "empresário boçal" seria o ministro das Comunicações, Hélio Costa, na versão vil, ops, na versão Gilberto Gil, que não teve o menor pejo
de ler em público texto em que assim
era qualificado seu, digamos, colega
de gabinete. O "vil" é o Gil -ou o Gil
é o "vil", sei lá-, na versão do "empresário boçal" em declarações aos
jornalistas.
Com um ministério assim, o governo não precisa de oposição.
Só num governo assim é possível
existir uma líder (no Senado) como
Ideli Salvatti, que, sobre a violação
do sigilo bancário do caseiro, teve o
seguinte "insight": "Qualquer pessoa
pode esquecer um extrato em algum
lugar e alguém ler".
Poderia ter acrescentado que Francenildo teve o azar de "esquecer" seu
extrato justamente na mesa da casa
do ministro Palocci.
Cinismo, tudo bem. Já estamos habituados. Mas, pelo amor de Deus,
com um mínimo de cérebro.
@ - crossi@uol.com.br
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