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ELIANE CANTANHÊDE
Revolução
BRASÍLIA - Calma! Não se trata do golpe de 64, "comemorado" hoje.
Trata-se da revolução que ocorreu no
PT depois que Lula chegou ao poder.
O resultado foi a queda de toda a cúpula partidária e dos homens do presidente. E agora, como preencher os
cargos de governo e de campanha?
Sobram vagas, faltam candidatos.
Se sair do Senado para disputar o
Palácio dos Bandeirantes, Mercadante deixará o governo entregue aos
leões no Congresso, com Ideli Salvatti
se esgoelando numa Casa e Ângela
Guadagnin sambando na outra. E
elas pelo menos fazem e acontecem.
Cadê o resto da bancada?
Quanto a Jaques Wagner: optou pela campanha e pelas praias da Bahia
e abre um buraco no Planalto. Quem
botar na coordenação política? Dirceu, Palocci, Genoino e Gushiken caíram. João Paulo Cunha foi tragado
pelo "valerioduto". Os deputados
Greenhalgh e Virgílio Guimarães foram derrotados na disputa pela presidência da Câmara, nada mais, nada menos, por Severino Cavalcanti.
Sobra um último moicano, Sigmaringa Seixas. E, aí, o que sobra para a
campanha do PT no DF?
Entre os sobreviventes, há Tarso
Genro. Como Mercadante, ele é cotado para tudo (em terra de cego, quem
tem olho é rei...), mas, se não serviu
para presidir o PT, por que serviria
para ser coordenador político? À noite, ele foi escolhido coordenador político.
Quem não tem ministro vai de secretário-geral. E isso não é tudo. Lula
está muito mais preocupado com a
campanha do que com um governo
em fim de festa. E tem três problemas:
1) montar uma equipe de primeiro time para coordenar a reeleição; 2)
manter o namoro com a cúpula governista do PMDB, apesar de as próximas pesquisas registrarem o "efeito
caseiro"; 3) enfrentar chapas poderosas do PSDB em São Paulo e Minas.
Lula não pode correr o risco de ter
uma coordenação fraca de campanha, nem de empurrar o PMDB de
Garotinho para o colo dos tucanos,
nem de ficar em franca desvantagem
nos maiores redutos eleitorais. Mas é
exatamente isso o que pode ocorrer.
@ - elianec@uol.com.br
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