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TELA FRIA
Seria difícil pensar, no momento, em projeto menos oportuno para o BNDES aportar recursos
do que o da criação de um canal de
TV a cabo visando colaborar com a
integração da América Latina. No
entanto, é o que está sendo feito. Não
apenas o banco mas outros organismos do governo deverão investir dinheiro na TAL, sigla para Televisão
da América Latina. O empréstimo
seria pago, segundo reportagem da
Folha, com "programas institucionais" a serem exibidos pela nova
emissora. Prevê-se que, numa segunda etapa, a TAL venha a operar
como rede aberta.
São compreensíveis as ambições
estratégicas do governo em consolidar o país como um líder continental. Mais do que compreensível, tal
pretensão, pelo peso específico do
Brasil, parece ser quase "natural".
Diversos governos da região têm manifestado seu apoio à liderança brasileira, encarnada pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
É certo também que líderes regionais devem assumir algumas obrigações além da simples retórica. Sabe-se que o BNDES já anunciou empréstimos de US$ 3 bilhões a países sul-americanos. Seria desejável que tais
decisões -que implicam a definição
de prioridades- fossem tomadas
num regime de maior transparência
e debate público, como a cultura petista afirma prezar.
A idéia de uma TV voltada para a
América Latina não é em si condenável, embora tampouco desperte
maior entusiasmo. Ao contrário: o
fato de que nasça atrelada a governos
já faz prever alguma contaminação
oficialista em sua programação. É
cedo para conclusões quanto a isso,
mas não para considerar discutível o
investimento. Mais ainda quando se
sabe que as redes públicas de TV brasileiras encontram-se permanentemente às voltas com graves restrições orçamentárias.
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