São Paulo, quinta-feira, 31 de maio de 2007

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VALDO CRUZ

Sem derrotados

BRASÍLIA - Luiz Inácio Lula da Silva acredita ter chegado, enfim, a uma solução sem derrotados na concessão das licenças ambientais para a construção das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira (RO).
Na semana passada, Lula recebeu a garantia de que as licenças serão concedidas, depois de um processo em que quase explodiu com técnicos comandados pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Quem acompanhou todo o embate entre os grupos de Dilma Rousseff e de Marina relata que nada deixou Lula mais irritado do que uma promessa não cumprida pela turma do Meio Ambiente.
Em fevereiro, técnicos de Marina participaram de uma reunião reservada no Palácio do Planalto. Lula queria saber se entraves ambientais poderiam prejudicar obras de energia do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Ali, revelam assessores do presidente, houve a promessa de que estava tudo certo e que as licenças sairiam em maio. Aí, em março, veio a surpresa. Lula foi informado de que as concessões ainda corriam risco de não serem concedidas. Sentiu-se traído.
Descobriu que havia, entre os técnicos de Marina, os que diziam "não pode" por serem totalmente contra usinas na Amazônia. Mas havia os que apostavam num entendimento, desde que superados impactos ambientais negativos.
Foi ali que Lula definiu que não aceitava "não pode", mas "como pode". Era sua senha para dizer que não aceitaria a prevalência dos "xiitas ecológicos", mas não iria atropelar Marina Silva.
Na última sexta-feira, novo encontro reservado ocorreu no Planalto. Especialistas internacionais teriam tirado as últimas dúvidas sobre bagres e sedimentos. Ninguém contestou.
Ao que tudo indica, haverá um final feliz dessa novela, que se arrastou por mais tempo do que o razoável. Que as próximas tenham curta duração. O país agradece.


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