|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VALDO CRUZ
Sem derrotados
BRASÍLIA - Luiz Inácio Lula da
Silva acredita ter chegado, enfim, a
uma solução sem derrotados na
concessão das licenças ambientais
para a construção das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau,
no rio Madeira (RO).
Na semana passada, Lula recebeu
a garantia de que as licenças serão
concedidas, depois de um processo
em que quase explodiu com técnicos comandados pela ministra do
Meio Ambiente, Marina Silva.
Quem acompanhou todo o embate entre os grupos de Dilma Rousseff e de Marina relata que nada
deixou Lula mais irritado do que
uma promessa não cumprida pela
turma do Meio Ambiente.
Em fevereiro, técnicos de Marina
participaram de uma reunião reservada no Palácio do Planalto. Lula
queria saber se entraves ambientais
poderiam prejudicar obras de energia do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Ali, revelam assessores do presidente, houve a promessa de que estava tudo certo e que as licenças sairiam em maio. Aí, em março, veio a
surpresa. Lula foi informado de que
as concessões ainda corriam risco
de não serem concedidas. Sentiu-se
traído.
Descobriu que havia, entre os
técnicos de Marina, os que diziam
"não pode" por serem totalmente
contra usinas na Amazônia. Mas
havia os que apostavam num entendimento, desde que superados
impactos ambientais negativos.
Foi ali que Lula definiu que não
aceitava "não pode", mas "como pode". Era sua senha para dizer que
não aceitaria a prevalência dos "xiitas ecológicos", mas não iria atropelar Marina Silva.
Na última sexta-feira, novo encontro reservado ocorreu no Planalto. Especialistas internacionais
teriam tirado as últimas dúvidas sobre bagres e sedimentos. Ninguém
contestou.
Ao que tudo indica, haverá um final feliz dessa novela, que se arrastou por mais tempo do que o razoável. Que as próximas tenham curta
duração. O país agradece.
Texto Anterior: Paris - Clóvis Rossi: Dizer o indizível Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Corrupção acelerada Índice
|