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CLÓVIS ROSSI
O G8 morreu, o G20 respira pouco
SÃO PAULO - O governo brasileiro
está batalhando, sem sucesso, para
entronizar o G20, o clubão das
maiores economias do planeta, como gerente informal das finanças
mundiais, o que lhe asseguraria um
posto na linhas de frente.
Mas, por desinteresse de países
ricos, entre eles o que preside o G20
no momento, o Reino Unido, o grupo não saiu do lugar desde a cúpula
de Londres. Todo o trabalho de
coordenação e definição da reforma
da arquitetura financeira global ou
não caminha ou fica a cargo de iniciativas isoladas.
Estados Unidos e União Europeia já divulgaram seus planos para
regular os derivativos e para vigiar
os bancos, respectivamente.
Mas nada coordenado, o que
combina com o abandono da tese,
que o Brasil defendeu, de que deveria haver um sistema supranacional
de regulação.
Até aí, no entanto, o governo brasileiro não se preocupa. Aceitou
que as resistências a que estranhos
xeretem Wall Street ou a City londrina são grandes e poderosas demais para serem vencidas.
O que incomoda o governo é que
o G20 não se dotou de um processo
próprio de trabalho sobre a regulação do sistema financeiro desde a
cúpula de Londres, realizada já faz
dois meses (2 de abril).
O que há é apenas um calendário
de reuniões que serve para reforçar
a sensação de paralisia do grupo.
A próxima reunião ministerial
será apenas em setembro, em Londres, três semanas antes da nova
cúpula, a terceira do G20, marcada
também para setembro, nos EUA.
Reuniões de cúpula, como sabem
todos os que as acompanham, são
apenas a cereja de um bolo que tem
que ser preparado antes pelos técnicos. Não há ninguém batendo esse bolo, o que cria um vácuo de gerenciamento financeiro global: o
G8 morreu, mas ainda não foi enterrado, e o G20 nasceu, mas não
consegue sair da incubadora.
crossi@uol.com.br
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