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VALDO CRUZ
Jogo pesado
BRASÍLIA - Ninguém quer admitir publicamente, mas, nas últimas
semanas, senadores de oposição foram procurados por diretores de
grandes empresas que trabalham
com a Petrobras.
Gente graúda, que costuma participar das decisões de quem recebe
doação de campanha eleitoral. Segundo relatos obtidos dos dois lados, foram conversas de cavalheiros, sem ameaças diretas, mas o objetivo era exatamente esse.
Num estilo educado e cortês, o
que foi dito poderia ser traduzido livremente da seguinte maneira: "Se
vocês colocarem nossa empresa
sentada no banco da CPI sem bases
concretas, esqueçam doações no
próximo ano".
Não faltaram ainda queixas para
o que estão classificando de "criminalização" das doações legais para
campanhas eleitorais. Mais uma
forma de pressão.
Esses encontros começaram a
ocorrer depois que grandes empresas trocaram informações há duas
semanas e concluíram que precisavam agir para evitar que virem o
centro das investigações.
Todos garantem que não há um
desvio em seus contratos com a Petrobras. E que, se forem denunciadas por alguém na comissão do Senado, será por conta de interesses
contrariados. Pode ser, afinal não
podemos condenar ninguém a priori. Por outro lado, uma boa investigação é, sem dúvida, o melhor selo
de idoneidade.
Bem, depois de conversar com diretores de várias dessas empresas,
um senador da ala governista firmou uma convicção: há grande risco de a comissão virar a CPI do Forró, com investigações de temas laterais, como patrocínios de festas juninas, passando ao largo de contratos milionários da empresa.
Em resumo, a CPI da Petrobras
será um bom teste para medir até
onde vai operar o lobby dos grandes
fornecedores da estatal. O jogo, caro leitor, será pesado.
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