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ACESSO AO ENSINO
Os dados preliminares do Censo Escolar 2002 não trazem
grandes surpresas. Ao contrário,
confirmam tendências. No ensino
fundamental, o número de matrículas ficou praticamente estável em relação a 2001. Registram-se agora aumentos significativos nas inscrições
em creches (5,3%), na pré-escola
(3,2%) e no ensino médio (4,6%).
O panorama é até animador em
termos de acesso. Já é quase a totalidade das crianças entre 7 e 14 anos
que cursa o ciclo fundamental. São
mais de 35 milhões de alunos em todo o Brasil. E o crescimento, como é
natural, vai expandindo-se para as
educações infantil e média.
A situação é bastante pior quando
se analisa o ensino para adultos e jovens acima da idade escolar. O incremento de matrículas nessa categoria
foi de apenas 0,4%. Nas classes de alfabetização, verificou-se um expressivo decréscimo, de 7%. O quadro é
desastroso quando se considera que
o Brasil ainda conta com 16 milhões
de analfabetos e cerca de 65 milhões
de pessoas -quase 40% da população- que não completaram o ensino fundamental.
Mesmo que se restrinja o desafio
educacional ao universo de jovens
em idade escolar, a questão da qualidade na rede oficial precisa agora receber tratamento prioritário. O nível
dos alunos formados em escolas públicas é em média ruim. Fica invariavelmente abaixo dos segmentos de
elite do setor privado. O jovem que
estudou na rede oficial e disputa uma
vaga em universidade pública está
quase sempre em desvantagem em
relação ao garoto que frequentou
bons colégios particulares.
Enquanto essa situação não for revertida, o Brasil estará de algum modo limitando as chances de ascensão
social dos jovens de famílias mais
pobres. As oportunidades não são
iguais, e isso enfraquece a própria
noção de democracia.
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