São Paulo, sábado, 31 de agosto de 2002

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ACESSO AO ENSINO

Os dados preliminares do Censo Escolar 2002 não trazem grandes surpresas. Ao contrário, confirmam tendências. No ensino fundamental, o número de matrículas ficou praticamente estável em relação a 2001. Registram-se agora aumentos significativos nas inscrições em creches (5,3%), na pré-escola (3,2%) e no ensino médio (4,6%).
O panorama é até animador em termos de acesso. Já é quase a totalidade das crianças entre 7 e 14 anos que cursa o ciclo fundamental. São mais de 35 milhões de alunos em todo o Brasil. E o crescimento, como é natural, vai expandindo-se para as educações infantil e média.
A situação é bastante pior quando se analisa o ensino para adultos e jovens acima da idade escolar. O incremento de matrículas nessa categoria foi de apenas 0,4%. Nas classes de alfabetização, verificou-se um expressivo decréscimo, de 7%. O quadro é desastroso quando se considera que o Brasil ainda conta com 16 milhões de analfabetos e cerca de 65 milhões de pessoas -quase 40% da população- que não completaram o ensino fundamental.
Mesmo que se restrinja o desafio educacional ao universo de jovens em idade escolar, a questão da qualidade na rede oficial precisa agora receber tratamento prioritário. O nível dos alunos formados em escolas públicas é em média ruim. Fica invariavelmente abaixo dos segmentos de elite do setor privado. O jovem que estudou na rede oficial e disputa uma vaga em universidade pública está quase sempre em desvantagem em relação ao garoto que frequentou bons colégios particulares.
Enquanto essa situação não for revertida, o Brasil estará de algum modo limitando as chances de ascensão social dos jovens de famílias mais pobres. As oportunidades não são iguais, e isso enfraquece a própria noção de democracia.


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