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FERNANDO RODRIGUES
Os problemas de Lula
BRASÍLIA - Apesar de a sucessão presidencial estar indefinida, alguns falsos axiomas são repetidos como verdades absolutas. Um deles: o suposto
favoritismo do candidato do PT, Luiz
Inácio Lula da Silva.
Reza a lenda atual que Lula nunca
esteve tão perto de ganhar a Presidência da República. Seu programa
de TV nunca foi tão profissional e
bem feito como agora. Seu eventual
adversário no segundo turno será
(Ciro ou Serra) alguém que chegará
machucado e exausto por causa da
disputa atual -algo que não acontecerá com o petista, poupado de ataques pelos concorrentes.
Todos os itens anteriores são verdadeiros. Mas é um erro concluir que,
portanto, Lula entrará no segundo
turno para vencer de goleada.
Esta será a quarta eleição presidencial do petista. Disputou o primeiro e
o segundo turnos de 89. Foi derrotado em 94 e 98 por FHC. Agora, aparentemente, sairá do primeiro turno
na frente. Entrará então na sexta
tentativa para chegar ao Planalto.
Mesmo após tantas disputas, Lula
continua com a rejeição altíssima
-na casa dos 30% (no Datafolha, teve 33% na metade deste mês).
No segundo turno, Lula buscará votos só de 7 em cada 10 eleitores. Três
não querem ouvir seu nome -mesmo ele estando embonecado pelas
habilidades, inegáveis, do publicitário Duda Mendonça.
Entre os prováveis adversários do
petista, Serra está em pior situação.
Tinha 28% de rejeição, mas antes do
horário eleitoral e de ele voltar a crescer. Ciro registrava 17%.
Nada indica que Serra e Ciro, por
mais desgastados que estejam, entrarão no segundo turno para perder.
Muito pelo contrário. É possível que o
escolhido para enfrentar Lula fique
revigorado pela disputa.
Em resumo, a vitória de Lula não é
impossível. Mas está muito menos
garantida do que se imagina ao levar
em conta apenas o senso comum sobre esta sucessão.
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