São Paulo, terça-feira, 31 de agosto de 2004

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O TERROR ATACA

A confirmação de que a queda de dois aviões civis russos na semana passada deveu-se a atos de sabotagem serve para nos lembrar que o terrorismo se tornou uma ameaça permanente, cujo combate, embora exija uma mobilização policial constante, não pode dar-se exclusivamente pela via repressiva.
Com efeito, as suspeitas recaíram sobre o terror desde a terça-feira, quando dois Tupolev que haviam partido do mesmo aeroporto em Moscou desapareceram da tela do radar quase simultaneamente, matando 89 pessoas.
Por mais precária que seja a situação da aviação civil russa, eram pouco menos do que remotíssimas as chances de dois aviões caírem ao mesmo tempo sem causas aparentes. Na última sexta, um grupo tchetcheno chamado Brigadas Islambouli reivindicou a autoria do ataque.
Não há a menor dúvida de que é fundamental investir na prevenção em segurança e na repressão a grupos extremistas. Infelizmente essas medidas não bastam para garantir que a fúria homicida não faça mais vítimas entre a população civil.
Para reclamar sucesso, as autoridades teriam de ser capazes de impedir a realização de ataques em 100% das vezes, um grau de perfeição inumano. Já o terror pode falhar 99 vezes e acertar apenas uma e ainda assim terá realizado seu desígnio sombrio.
Tentar atuar no front político é uma necessidade. Não basta para acabar com a ameaça terrorista, mas traz a perspectiva de que ela um dia perca sua razão de existir. No caso da Rússia, não há dúvida de que um encaminhamento político para o problema da Tchetchênia que respondesse aos anseios da maioria da população local tiraria muito do ímpeto dos extremistas. "Mutatis mutandis", foi agindo na cena política, e não propriamente na militar, que as autoridades britânicas puderam enquadrar o IRA (Exército Republicano Irlandês), praticamente eliminando o terrorismo no arquipélago.
Esse caso de sucesso, contudo, é obnubilado pelas dezenas de conflitos em que o terrorismo vem prosperando, em muitos casos há décadas, como no Oriente Médio, na Caxemira, no Sri Lanka e na própria Tchetchênia. Ao que tudo indica, o espectro do terror ainda assombrará a humanidade pelos próximos anos. Trata-se de uma preocupação que veio para ficar por um longo tempo.


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