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O TERROR ATACA
A confirmação de que a queda de dois aviões civis russos na
semana passada deveu-se a atos de
sabotagem serve para nos lembrar
que o terrorismo se tornou uma
ameaça permanente, cujo combate,
embora exija uma mobilização policial constante, não pode dar-se exclusivamente pela via repressiva.
Com efeito, as suspeitas recaíram
sobre o terror desde a terça-feira,
quando dois Tupolev que haviam
partido do mesmo aeroporto em
Moscou desapareceram da tela do radar quase simultaneamente, matando 89 pessoas.
Por mais precária que seja a situação da aviação civil russa, eram pouco menos do que remotíssimas as
chances de dois aviões caírem ao
mesmo tempo sem causas aparentes. Na última sexta, um grupo tchetcheno chamado Brigadas Islambouli
reivindicou a autoria do ataque.
Não há a menor dúvida de que é
fundamental investir na prevenção
em segurança e na repressão a grupos extremistas. Infelizmente essas
medidas não bastam para garantir
que a fúria homicida não faça mais
vítimas entre a população civil.
Para reclamar sucesso, as autoridades teriam de ser capazes de impedir
a realização de ataques em 100% das
vezes, um grau de perfeição inumano. Já o terror pode falhar 99 vezes e
acertar apenas uma e ainda assim terá realizado seu desígnio sombrio.
Tentar atuar no front político é
uma necessidade. Não basta para
acabar com a ameaça terrorista, mas
traz a perspectiva de que ela um dia
perca sua razão de existir. No caso da
Rússia, não há dúvida de que um encaminhamento político para o problema da Tchetchênia que respondesse aos anseios da maioria da população local tiraria muito do ímpeto
dos extremistas. "Mutatis mutandis", foi agindo na cena política, e
não propriamente na militar, que as
autoridades britânicas puderam enquadrar o IRA (Exército Republicano
Irlandês), praticamente eliminando
o terrorismo no arquipélago.
Esse caso de sucesso, contudo, é
obnubilado pelas dezenas de conflitos em que o terrorismo vem prosperando, em muitos casos há décadas,
como no Oriente Médio, na Caxemira, no Sri Lanka e na própria Tchetchênia. Ao que tudo indica, o espectro do terror ainda assombrará a humanidade pelos próximos anos. Trata-se de uma preocupação que veio
para ficar por um longo tempo.
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