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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Foi o PT que fez
SÃO PAULO - A pesquisa Datafolha sobre a imagem que os eleitores têm
dos seus candidatos a prefeito em São
Paulo traz uma grande novidade:
Marta Suplicy está herdando qualidades atribuídas antes a Paulo Maluf. Comparado com o levantamento
anterior, feito no final de junho, este
que o jornal publica hoje mostra que
o ex-prefeito vai minguando na mesma medida em que a prefeita vai despontando: o mais experiente, o mais
realizador, o mais inteligente, o mais
corajoso, o mais moderno e inovador
-nestes e em vários outros itens,
Marta "rouba" os pontos de Maluf. O
tucano José Serra pouco se move entre uma pesquisa e outra.
O que o Datafolha traduz em números e mostra em bases objetivas
são os efeitos da propaganda de Duda Mendonça, o marqueteiro que
elegeu Maluf em 1992 e agora trabalha pela reeleição de Marta. O mesmo homem que em 1996 levou à TV
as maquetes do Fura-Fila na campanha de Celso Pitta hoje exibe no horário gratuito as maquetes do CEU
Saúde prometido pelo PT. A estrutura dos programas é idêntica.
Talvez fosse o caso de falar -aqui
sim- em herança maldita. Este
monstro mutante -Martuf?- que a
pesquisa captura em movimento não
é senão um elemento a mais da verdadeira e maior mutação: a do PT.
É a primeira vez que o partido participa de uma eleição na condição de
poder econômico e político do país.
Não são apenas os chamados sinais
exteriores de riqueza da campanha
petista que impressionam. São, além
disso, os modos de novo-rico do alto
petismo. Repare, por exemplo, no jargão de um José Genoino. O presidente do PT converteu-se numa mistura
caricata de businessman com o Roberto Jefferson da era Collor.
Deve-se ao repórter Rubens Valente
a revelação, anteontem nesta Folha,
de que empreiteiras que construíram
os CEUs de Marta doaram ao PT entre 2002 e 2003 algo em torno de R$
2,5 milhões. É tudo legal, diz Delúbio
Soares. Sim, é tudo legal, mas e daí?
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