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Império do tráfico
A chacina que vitimou no México 72 imigrantes, na semana passada, entre eles um número ainda
incerto de brasileiros, pôs sob holofotes o império da violência associada ao narcotráfico que, em
algumas áreas, parece ter escapado por completo ao controle do
poder público daquele país.
Quando chegou à Presidência,
em 2006, Felipe Calderón decretou guerra aos cartéis da droga,
mas até agora ele e o Estado mexicano vêm encontrando sérias dificuldades para vencer.
Ameaçados, os traficantes são
cada vez mais audaciosos na defesa de seu território: impõem censura a meios de comunicação,
chacinam imigrantes que se negam a cooperar e sequestram e
matam políticos e jornalistas.
Com um saldo de mortos que se
aproxima dos 30 mil, Calderón já
admite publicamente uma discussão sobre a legalização das drogas, anátema para o presidente
mexicano até há pouco. É natural
que esse tipo de discussão ganhe
adeptos no país, mas é inescapável que, antes de tudo, o combate
militar ao tráfico se fortaleça.
A missão está longe de ser simples. Nas últimas décadas, com alguma conivência do poder público, o narcotráfico vem se enraizando no país e infiltrando-se nas
instâncias que deveriam combatê-lo - do que é prova, aliás, a dispensa de 3.200 agentes suspeitos
da Polícia Federal.
Além de medidas para restaurar
a credibilidade e a saúde do poder
público, o problema pede um envolvimento maior dos Estados
Unidos, destino prioritário das
drogas que movem o tráfico.
Os EUA são o grande mercado
consumidor e proporcionam aos
cartéis mexicanos fácil acesso a
armas, adquiridas legalmente em
seu território. É também no vizinho rico que o narcotráfico lava
dinheiro para dar fachada legal a
suas operações.
Para impedir que o México continue em seu perigoso avanço rumo a um "narcoestado", o enfrentamento dessas situações deve ser
tão prioritário quanto o combate
militar aos cartéis.
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