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ELIANE CANTANHÊDE
Frente e verso
BRASÍLIA - O PMDB considera
"sem pé nem cabeça" a notícia de
que Lula articula pessoalmente
uma "frente de esquerda" com PT,
PSB, PDT, PCdoB e PRB para se
contrapor à força e à avidez peemedebista no eventual governo Dilma.
Mas, como o seguro morreu de
velho, especialmente em política, a
cúpula do partido não vai abrir a
guarda. Pretende manter o discurso
de que são todos dilmistas desde
criancinha, mas assuntando até
onde vai a tal frente e se preparando para, se e quando for o caso,
mostrar que não é de brincadeira.
"A aliança era episódica, só para
a eleição? Nós não somos parceiros? Não vamos juntos para a vitória?", questionou ontem Henrique
Eduardo Alves, que é hoje o mais
antigo deputado, com dez mandatos consecutivos, e candidato peemedebista a presidente da Câmara.
O PT promete fazer barulho. Mas o
PMDB tem lá suas vuvuzelas.
"Uma coisa é um governo com
Lula, outra é um governo com Dilma", diz Alves, como quem não
quer nada, lembrando o quanto
Dilma, se for mesmo presidenta,
pode vir a precisar um bocado do
partido -no Congresso e fora dele.
Alves diz não acreditar na tal
frente de esquerda, mas adverte por
precaução: "Uma frente contra nós
vai ser um tiro no pé, porque é claro
que vai provocar uma reação do
PMDB". Quem avisa amigo é.
Lula, aliás, não está sozinho ao
focar o PSB e o PDT, já que Aécio
Neves nem esperou as urnas e deu
entrevista ao jornal "Valor Econômico" sobre uma linha de ação para 2011 "que independa do resultado da eleição presidencial". Qual
seja? A aproximação do PSDB (ou
da parte que sobrar de pé) com o
PDT e o PSB de Ciro e Cid Gomes.
Lula quer os dois partidos contra
o PMDB. Aécio, contra o PSDB serrista e paulista. Pode estar aí a base
do novo partido a ser erguido sob os
escombros da oposição.
PS - O que faz o PRB da Igreja
Universal no meio da "frente de esquerda" de Lula? E eu que sei?!
elianec@uol.com.br
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