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PROTESTO SÉRVIO
O ultranacionalista Partido Radical Sérvio (SRS) emerge das eleições legislativas de domingo passado como a maior força política isolada da Sérvia. Pode-se ter
uma idéia das propostas defendidas
pela agremiação verificando-se a
condição de seu líder, Vojislav Seselj.
Ele está preso em Haia (Holanda) à
espera de julgamento por crimes de
guerra num tribunal da ONU.
O SRS obteve quase 28% dos votos.
Deverá ficar com cerca de um terço
das 250 cadeiras do Parlamento.
Apesar de ser a maior vencedora, a legenda provavelmente ficará fora do
governo, que deverá ser controlado
por uma coalizão de partidos que
apóiam reformas de estilo ocidental.
Mas esse deverá ser, segundo vários
analistas, um governo fraco. O SRS e
o Partido Socialista da Sérvia, do ex-presidente Slobodan Milosevic, que
também está sendo julgado em Haia,
reúnem força o bastante para impedir a aprovação de reformas constitucionais, que exigem maioria de 2/3.
De resto, não é tão simples encontrar pontos comuns entre os quatro
grandes partidos que deverão compor a coalizão. Eles reúnem desde reformistas clássicos até os monarquistas do Nova Sérvia. Não será surpresa se, dentro de um ano, novas
eleições forem convocadas.
Apesar da vitória do SRS, seria um
erro concluir que quase um terço dos
eleitores sérvios defende uma plataforma ultranacionalista que inclui a
criação da chamada Grande Sérvia.
Observadores políticos são unânimes em afirmar que boa parte do
apoio ao SRS se deve a um voto de
protesto. O eleitor estaria punindo o
governo reformista por ter falhado
em criar empregos e colocar o país
na rota do crescimento.
De fato, não parece haver risco iminente de uma retomada da guerra
nos Bálcãs movida pelo nacionalismo sérvio. Isso não significa que a situação não inspire preocupações. Se
a Sérvia atolar-se num cenário de crise econômica, não são pequenas as
chances de legendas como o SRS
conquistarem efetivamente o poder
político. Nesse caso, a frágil paz nos
Bálcãs poderá voltar a ser rompida.
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