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São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 2003

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PROTESTO SÉRVIO

O ultranacionalista Partido Radical Sérvio (SRS) emerge das eleições legislativas de domingo passado como a maior força política isolada da Sérvia. Pode-se ter uma idéia das propostas defendidas pela agremiação verificando-se a condição de seu líder, Vojislav Seselj. Ele está preso em Haia (Holanda) à espera de julgamento por crimes de guerra num tribunal da ONU.
O SRS obteve quase 28% dos votos. Deverá ficar com cerca de um terço das 250 cadeiras do Parlamento. Apesar de ser a maior vencedora, a legenda provavelmente ficará fora do governo, que deverá ser controlado por uma coalizão de partidos que apóiam reformas de estilo ocidental. Mas esse deverá ser, segundo vários analistas, um governo fraco. O SRS e o Partido Socialista da Sérvia, do ex-presidente Slobodan Milosevic, que também está sendo julgado em Haia, reúnem força o bastante para impedir a aprovação de reformas constitucionais, que exigem maioria de 2/3.
De resto, não é tão simples encontrar pontos comuns entre os quatro grandes partidos que deverão compor a coalizão. Eles reúnem desde reformistas clássicos até os monarquistas do Nova Sérvia. Não será surpresa se, dentro de um ano, novas eleições forem convocadas.
Apesar da vitória do SRS, seria um erro concluir que quase um terço dos eleitores sérvios defende uma plataforma ultranacionalista que inclui a criação da chamada Grande Sérvia. Observadores políticos são unânimes em afirmar que boa parte do apoio ao SRS se deve a um voto de protesto. O eleitor estaria punindo o governo reformista por ter falhado em criar empregos e colocar o país na rota do crescimento.
De fato, não parece haver risco iminente de uma retomada da guerra nos Bálcãs movida pelo nacionalismo sérvio. Isso não significa que a situação não inspire preocupações. Se a Sérvia atolar-se num cenário de crise econômica, não são pequenas as chances de legendas como o SRS conquistarem efetivamente o poder político. Nesse caso, a frágil paz nos Bálcãs poderá voltar a ser rompida.


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