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CLÓVIS ROSSI
Votos para 2010, talvez inúteis
SÃO PAULO - Os votos para 2010,
obviamente pensando em um ano
eleitoral, nem são meus mas de Delfim Netto, em recente artigo para
esta Folha. Delfim leva a vantagem
de ter sido um ícone da direita durante seus tempos de czar da economia na ditadura, agora transformado em conselheiro de um presidente originalmente de esquerda,
embora adernado à direita desde que chegou ao poder.
Escreveu Delfim: "A eleição de 2010 não pode se fazer em torno
das pobres alternativas de, ou voltar ao passado, ou dar continuidade
a Lula. A discussão precisa incorporar os horizontes do século 21 e a superação dos problemas que certamente restarão do seu governo".
Um dos problemas, no varejo, foi
capturado por João Carlos Magalhães, o enviado da Folha ao Suriname. Uma legítima filha do Brasil,
ela também uma Silva, de nome
Maria Raimunda, escapou do conflito com os locais e reclamou que,
"no Brasil só querem saber de
quem tem instrução (...) Aqui, tiro até R$ 2.000 [por mês]. Lá [no Brasil], não era nem metade".
Não é mais aceitável que muitos Silvas da oitava potência do mundo
continuem preferindo todos os perigos da clandestinidade, em um
ponto perdido do fim do mundo, ao seu próprio país.
No atacado, tampouco é aceitável
que a oitava potência do mundo,
mesmo após o mais longo ciclo de
crescimento de sua história recente, continue no 75º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano.
Para não falar do 75º lugar também no índice de percepção de corrupção, o que não pode ser mera
coincidência, ou nos vergonhosos
resultados dos estudantes brasileiros em todas as medições comparativas internacionais.
Para os que não se conformam
com tudo isso, votos de um 2010
que traga o Brasil ao século 21.
Aos que se conformam -e parecem ser maioria-, votos de um pouco mais de ambição.
crossi@uol.com.br
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