São Paulo, quinta, 31 de dezembro de 1998

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O DRAMA CUBANO

A Revolução Cubana, que amanhã completa 40 anos, hoje parece mais uma peça museológica. O regime ditatorial instaurado e comandado por Fidel Castro está exausto, praticamente moribundo, e perdeu sua razão de ser desde o fim da Guerra Fria. Depois do colapso do regime soviético, do qual dependeu sua sobrevivência material durante quase três décadas, a ilha ficou isolada e mergulhou num processo acelerado de deterioração econômica e social. Vê-se hoje às voltas com a escassez de alimentos e a pauperização de sua população, sem falar no aumento da prostituição. Até mesmo as conquistas do regime, como a erradicação do analfabetismo e a universalização do acesso à saúde, parecem comprometidas diante da falta de perspectivas de desenvolvimento.
Se Cuba representou um dia alguma ameaça ao capitalismo por sua proximidade dos EUA e pelo fato de ter sido por muito tempo o único país nas Américas a ter feito uma revolução inspirada nos ideais comunistas, hoje não oferece mais perigo a ninguém. Tornou-se refém dos fantasmas do passado, em nome dos quais resiste em fazer sua transição para a economia de mercado e a democracia.
A retórica castrista insiste em atribuir todas as mazelas atuais da ilha ao embargo norte-americano. Se a atitude dos EUA em relação a Cuba é politicamente antiquada e economicamente contraproducente e deve ser revista, o primeiro passo para que Cuba se integre à comunidade internacional teria de ser dado pelo próprio Fidel. No entanto, os sinais muito tímidos de tolerância política e de abertura econômica muito controlada são obviamente insuficientes para que se aposte na hipótese de uma transição ordenada do regime.
Fidel, mesmo derrotado historicamente, não parece disposto a abrir mão da biografia dos ditadores, o que torna o futuro de Cuba uma incógnita e vai adiando dramaticamente a chance de que os cubanos venham ter uma vida melhor.



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