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Pivô do mensalão é preso sob acusação de grilar terras Polícia diz que Valério tenha usado escrituras falsas; defesa contesta medida Operação realizada em três Estados resultou na prisão de 15 pessoas, das quais três tinham sido sócias de Valério GRACILIANO ROCHADE SALVADOR PAULO PEIXOTO DE BELO HORIZONTE O empresário Marcos Valério de Souza, pivô do escândalo do mensalão, foi preso ontem em operação da Polícia Civil da Bahia contra a grilagem de terras no Estado. Valério foi preso em Belo Horizonte. Ele é suspeito de usar escrituras falsas de imóveis como garantias de pagamento de dívidas cobradas na Justiça. A operação policial baiana resultou na prisão de 15 pessoas na Bahia, em São Paulo e em Minas. Entre os presos estão três ex-sócios de Valério na agência DNA, envolvida no mensalão: Margareth Freitas, Francisco Castilho e Ramon Hollerbach. Todos negam a prática de irregularidades. Segundo o delegado Carlos Ferro, Valério usou as escrituras de cinco fazendas como garantia em ações de execução de dívidas movidas por uma agência de publicidade e pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. Os documentos mostrados por Valério nos processos de execução indicam que as fazendas teriam 17.100 hectares, mas elas não existiam. "Era só no papel. A matrícula que originou o registro das cinco fazendas que o Marcos Valério apresentou como garantia era de um terreno de 360 m²", disse o delegado. Na investigação do mensalão, descobriu-se que Valério usou esse esquema e adquiriu títulos falsos em cartórios da Bahia. Eles eram a garantia para cobrir dívidas que as agências de publicidade DNA e SMPB tinham com o INSS. 'AH TÁ, JÁ SEI' Valério foi preso em casa por volta das 6h. Os policiais interfonaram, e ele próprio atendeu. Segundo o delegado Denilson Gomes, ao ser informado do mandado, Valério respondeu: "Ah tá, já sei". A polícia esperou 30 minutos na casa de Valério, na região da Pampulha, que tinha três carros na garagem (Pajero, Outlander e Toyota SW4). Ele tomou banho e preparou uma pequena mala antes de ser levado. Sua mulher e o casal de filhos acompanharam a prisão. Eles choraram. Valério e seus ex-sócios foram transferidos para Salvador à tarde. Ficaram presos na carceragem da Polinter. O esquema de corrupção envolvia cartórios das cidades de Barreiras e São Desidério, no oeste baiano. Segundo a polícia, os serventuários emitiam as escrituras falsas. Os papéis serviam para "legalizar" a propriedade de terras griladas na região. A outra variante do golpe é chamada de "terra de dois andares": a venda de escrituras de imóveis inexistentes. Uma das responsáveis pelo esquema era Ana Elisabete Vieira dos Santos, ex-chefe do cartório de registro de imóveis de São Desidério. Também presa ontem, Ana Elisabete foi demitida a bem do serviço público em junho. A prisão de Valério no mesmo dia em que o comando do PT se reunia em Belo Horizonte constrangeu os líderes do partido. Réus no mensalão, José Dirceu, José Mentor e José Genoino recusaram-se, porém, a comentar. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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