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Análise

Taxa de juros dependerá de gasto federal e de crise lá fora

VINICIUS TORRES FREIRE
COLUNISTA DA FOLHA

Que o Banco Central baixaria em meio ponto percentual a taxa de juros era certo como as enchentes de verão. Que a Selic ainda vai baixar mais uma ou duas vezes é líquido e certo como as tais cheias.

A dúvida maior é saber se os juros caem ainda meio ou um ponto percentual neste ano.

Mas, afora para os mercadores de dinheiro, faz muita diferença para a economia, no médio prazo (uns cincos anos), saber se a Selic baixará a 10% ou 9,5% em 2012?

Primeiro, a dúvida sobre quanto caem os juros. O BC pode ou não baixar muito mais a Selic a depender:

1) Da inflação nos próximos três ou quatro meses. Os economistas ligados ao setor financeiro acreditam, na média, que a inflação de 2012 fica entre 5% e 5,5%. A banda de apostas do governo é de algo entre 4,5% e 5%. Se o BC perceber que ficou à toa na vida e sua banda passou (que a inflação será a prevista pelo "mercado"), menos cortes de juros virão, claro;

2) Da contenção de gastos do governo federal. Dilma Rousseff quer aumentar a despesa com investimentos (em "obras" etc), entre outros motivos para fazer o país crescer mais para 4% do que para 3% em 2012.

Em 2011, tal rubrica de gasto foi a que mais sofreu cortes. Mas assim se garantiu a meta de poupança do governo, o superavit primário, e o esfriamento da economia, o que induziu o BC até a cortar juros. Se o governo gastar mais e acelerar demais o crescimento, os juros podem voltar a subir no início de 2013;

3) Do tamanho da crise europeia, da freada chinesa e de seu efeito no Brasil.

Segundo: qual a importância dessa dúvida a respeito de meio ponto a mais ou a menos nos juros?

Haverá um grande debate sobre os efeitos recíprocos de meio ponto a mais no PIB, de quatro décimos a menos no superavit fiscal ou de 0,25 ponto percentual a mais na taxa de juros. Mas a resultante disso tudo não será muito significativa para quem quer saber se a economia vai andar mais e melhor até, digamos, a Olimpíada.

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