Índice geral Poder
Poder
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

PIB fraco aumenta pressão para cortar juro

Crescimento de apenas 2,7% em 2011 e fragilidade da indústria reforçam preocupação do governo com câmbio

Banco Central pode acelerar redução da taxa básica de juros ao anunciar novo corte hoje, dizem analistas

VALDO CRUZ
LORENNA RODRIGUES
DE BRASÍLIA

Estatísticas divulgadas ontem pelo IBGE mostraram que o país cresceu apenas 2,7% no ano passado, aumentando a pressão para que o Banco Central acelere a redução dos juros e reforçando a disposição do governo de socorrer a indústria, o setor mais enfraquecido da economia.

O desempenho do primeiro ano do governo Dilma Rousseff contrasta com os resultados alcançados por seu antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O PIB (Produto Interno Bruto) cresceu em média 4,1% ao ano com Lula e 7,5% em 2010, último ano de seu mandato.

Os números mostram que a economia cresceu num ritmo mais lento do que o desejado por Dilma, que no início do governo sonhava com um crescimento de 5% e estabeleceu como meta para este ano uma expansão de 4%.

A equipe econômica de Dilma acredita que o fraco desempenho dá ao Banco Central condições de acelerar a redução dos juros, o que estimularia a reação da atividade econômica e ajudaria a conter a valorização do real em relação ao dólar, que prejudica a indústria nacional.

O BC se reuniu ontem para avaliar a conjuntura econômica e deve anunciar hoje um novo corte da taxa básica de juros. Analistas do mercado financeiro apostam num corte de até 0,75 ponto percentual, que diminuiria a taxa de 10,5% para 9,75%.

Na avaliação de assessores presidenciais, a inflação em queda neste início de ano e o excesso de dinheiro em circulação no mercado internacional abrem espaço para o BC cortar mais rápido os juros.

A medida não teria impacto imediato na atividade econômica, mas ajudaria a inibir o fluxo de capital especulativo para o Brasil, que valoriza o real em relação ao dólar e assim prejudica a indústria, estimulando importações e encarecendo as exportações.

Em viagem a Hannover, na Alemanha, a presidente culpou ontem a crise europeia pelo fraco desempenho do PIB e reafirmou a disposição de tomar medidas para proteger o mercado doméstico.

"Os países emergentes têm visto suas taxas de crescimento cair", disse Dilma. "O governo brasileiro terá uma posição pró-ativa no sentido de ampliar cada vez mais o crescimento sustentável."

Assessores têm alertado a presidente que o governo precisa ser cuidadoso ao manejar a economia agora, para evitar que ocorra um superaquecimento no segundo semestre do ano, o que poderia voltar a alimentar a inflação.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deixou clara a intenção do governo de tomar novas medidas para proteger a indústria e segurar a valorização do real em 2012.

"Não permitiremos que o câmbio se sobrevalorize e isso vai ajudar a indústria", afirmou. "[O câmbio] vai continuar em um patamar mais favorável para a indústria."

Colaboraram MARCELO NINIO, enviado especial a Hannover, e MARIANA CARNEIRO, de São Paulo

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.