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Índio é ferido em área de conflito no sul da Bahia

Suspeita é que pataxó tenha sido baleado por seguranças de fazenda

Governador diz que pediu ao Ministério da Justiça reforço do efetivo da Polícia Federal na região

GRACILIANO ROCHA
ENVIADO ESPECIAL A PAU BRASIL (BA)

O conflito entre fazendeiros e índios no sul da Bahia teve uma escalada de violência ontem com um índio pataxó baleado próximo ao rio Pardo, em Pau Brasil (550 km de Itabuna).

Segundo a Polícia Federal, Ivanildo dos Santos, 29, levou um tiro na coxa por volta das 13h de ontem e foi levado para um hospital em Itabuna. Ele não corre risco de morrer.

A PF não informou as circunstâncias do disparo nem havia identificado o autor até a conclusão desta edição. Há suspeita de que ele tenha sido baleado por seguranças dos fazendeiros que tentam impedir invasões de terra.

A área onde Santos foi baleado é a mesma onde a Folha constatou a existência de homens armados em uma espécie de bunker para proteger a fazenda Santa Rita -do ex-prefeito de Pau Brasil Durval Santana (DEM).

A PF não especificou se o disparo ocorreu dentro da fazenda ou se houve troca de tiros. Wilson de Souza, dirigente da Funai (Fundação Nacional do Índio) na região, disse que o índio não estava armado e foi atacado quando estava na fazenda -o que a polícia não confirma.

A existência dos homens armados foi negada por Santana. Ontem, a filha do ex-prefeito, Sonyr Santana, voltou a negar que haja seguranças armados na Santa Rita e disse que não teve conhecimento do caso do índio.

ZONA DE GUERRA

A região de Pau Brasil virou uma zona de disputa conflagrada entre índios e fazendeiros por um território de 54 mil hectares -o equivalente a um terço da área da cidade de São Paulo.

Os índios pataxó hã hã hãe iniciaram em fevereiro uma série de invasões de terra para pressionar o Supremo Tribunal Federal a julgar a ação de 1982 que pede a nulidade dos títulos de propriedade de 396 fazendeiros para a criação de uma reserva indígena.

Apesar do clima de tensão, há pequena presença policial na área. A PF mantém seis homens em duas caminhonetes que percorrem as estradas da região. Nos últimos dias ninguém foi preso e nenhuma arma foi apreendida.

Há cinco guarnições da Polícia Militar dando apoio à PF, mas os PMs reforçam as entradas da cidade e uma rodovia que liga Pau Brasil a Itaju do Colônia e não entram na estrada vicinal onde há mais risco de enfrentamento.

Questionado, o governador Jaques Wagner (PT) informou que pediu ao Ministério da Justiça o reforço do efetivo da PF na área porque se trata de conflito com índios.

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